“Na altura da transição de pastas, eu tive uma reunião num sábado, nas vésperas da tomada de posse do novo Governo, dia 18 de junho, com o atual ministro das Finanças”, onde foi prestada “toda a informação necessária sobre a matéria” relativa aos contratos swap envolvendo as empresas públicas, asseverou o ex-ministro das Finanças do governo de José Sócrates em declarações à agência Lusa.
Segundo Teixeira dos Santos, este encontro “decorreu em duas partes”. “Durante a conversa a dois, o professor Vítor Gaspar interrogou-me sobre esta matéria, porque tinha tido informações quanto a algumas situações que, de facto, mereciam preocupação. E eu sugeri-lhe que, sendo esta uma matéria que estava a ser conduzida pelo secretário de Estado, que aguardássemos pela parte seguinte da reunião, onde todos estaríamos juntos, e o secretário de Estado informá-lo-ia sobre o que estava em curso e o que tinha sido feito. E assim foi”, referiu.
O ex ministro das Finanças socialista sublinhou que foi solicitada “toda a informação necessária sobre a matéria” às empresas e à Direção Geral do Tesouro e das Finanças (DGTF) “para ser disponibilizada ao Governo, que iria entrar em funções dentro de dias”.
“Isso aconteceu e o sinal evidente de que isso aconteceu é que o relatório [da DGTF] foi produzido em julho de 2011 com informação referente aos contratos 'swap' existentes e quanto à sua situação”, frisou.
O antecessor de Vítor Gaspar estranha que, “tendo sido feito este apanhado, este balanço da situação no início de julho de 2011, logo no início de funções do novo Governo, se tenha demorado dois anos para despertar para a questão e fazer alguma coisa quanto a isso”.
Conforme lembrou Teixeira dos Santos, em meados de 2011, “já estávamos a observar um impacto da descida das taxas de juro, que começou a verificar-se nos meses anteriores ao fim das funções do governo anterior, e o chamado ‘mark-to-market’ [avaliação de um ativo ou uma posição ao seu valor justo de mercado] desses contratos já começavam a evidenciar a ocorrência de perdas potenciais”.
“Com certeza que alguma coisa tinha que ser feita logo na altura por parte das empresas, pelo menos, para acautelar e minimizar estas consequências”, avançou.
O ex ministro das Finanças garantiu que “não foi por falta de informação” que nada foi feito, não tendo havido “qualquer encobrimento das situações da parte de ninguém”.
Ainda que não tenha avançado uma explicação para a inércia do actual governo, Teixeira dos Santos admitiu que “outras prioridades, outras preocupações” se poderão ter “metido pela frente e que o Governo tenha tido necessidade de dar resposta a essas prioridades”.
Talvez “isso, na altura, não fosse sentido como sendo uma prioridade e que só com o agravamento da situação, e tendo ela assumido uma magnitude maior, tenha suscitado a preocupação do Governo”, acrescentou.