Durão Barroso insultado em Lampedusa

09 de outubro 2013 - 11:23

A visita do presidente da Comissão Europeia e do primeiro-ministro italiano à ilha que viu naufragar mais de 300 refugiados ficou marcada pelos protestos dos habitantes da ilha. Gritando "Assassinos!" e "Vergonha!", os habitantes empunhavam cartazes com fotografias das vítimas do naufrágio e denunciaram a falta de condições do centro de acolhimento.

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População de Lampedusa acusou Barroso de nada ter feito para impedir as milhares de mortes e melhorar a situação dos refugiados que chegam à ilha. Foto Abode of Chaos/Flickr

A receção foi feita junto do aeroporto onde aterraram Barroso e a restante comitiva, que também integra a comissária Cecilia Maimstroem. Um dos habitantes da ilha, ouvido pela agência France Presse, afirmou que "eles deviam ter vergonha pelo que se passou e dar uma solução a este problema humanitário". À sua espera, Barroso terá também a autarca da ilha, Giusi Nicolini, que desde que foi eleita no ano passado tem enviado cartas a pedir ajuda a Bruxelas, sem obter qualquer resposta. Se a visita dos representantes europeus é de "cortesia" e não para trazer solulções, então "é melhor mandarem um telegrama", afirmou Giusi Nicolini esta terça-feira, citada pelo jornal El Pais.

Ao largo de Lampedusa já morreram milhares de imigrantes durante a travessia do Mediterrâneo e o naufrágio da semana passada com um barco que transportava cerca de 500 pessoas veio relembrar o drama humanitário que faz parte do quotidiano da ilha onde os imigrantes chegam, com ou sem vida. Os habitantes de Lampedusa vêm denunciando a situação há muitos anos junto de Roma e Bruxelas, mas o pesadelo dos refugiados não parece ter fim.

A falta de condições do centro de acolhimento de imigrantes e refugiados é outro dos problemas que têm vindo a ser denunciados nos últimos anos, mas o governo italiano tem sempre resistido a tirá-los da ilha. Neste momento encontram-se cerca de mil pessoas num espaço com capacidade para trezentas e apesar dos pedidos da população, Barroso e comitiva não o deverão visitar, alegando falta de condições de segurança. Na terça à noite, os imigrantes organizaram um protesto de denúncia das condições em que vivem, dormindo ao ar livre apesar da chuva e do frio.

A visita de Barroso surge no dia seguinte à comissária Cecilia Maimstroem ter anunciado a criação de mais um grupo de trabalho para estudar formas de travar a imigração e aumentar a vigilância marítima no Mediterraneo.