EUROPA

Direita recusa juntar-se à condenação da violência de extrema-direita

09 de maio 2024 - 12:36

Dois políticos alemães foram atacados recentemente. Antes, houve episódios de violência política em vários outros países europeus. Vários grupos políticos europeus juntaram-se para condenar os ataques, criticar a normalização da extrema-direita e comprometer-se a não cooperar com ela a nenhum nível. O PPE, que em Portugal inclui o PSD e o CDS, não quis subscrever a declaração conjunta.

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Comício em Berlim contra a violência contra políticos.
Comício em Berlim contra a violência contra políticos. Foto de CLEMENS BILAN/EPA/Lusa.

“Em defesa da democracia” é o título de uma declaração conjunta de vários grupos políticos europeus. Subscrita pela esquerda (The Left), pelo grupo dos socialistas (S&D), pelos verdes e pelos liberais (Renew) a carta condena os ataques de que têm sido vítimas políticos e partidos de esquerda e critica a normalização da extrema-direita.

A iniciativa foi desencadeada depois de um eurodeputado do SPD alemão, Matthias Ecke, ter sido agredido enquanto pendurava cartazes. Teve de ser hospitalizado e operado. A polícia alemã diz que pelo menos um dos quatro agressores estará ligado à extrema-direita. Já esta quarta-feira, Franziska Giffey, também do SPD, senadora estadual para a Economia em Berlim, ex-ministra federal e ex-presidente de Câmara de Berlim, foi também agredida e hospitalizada quando participava numa sessão numa biblioteca em Berlim.

Mencionam-se no manifesto ataques em Espanha contra sedes do PSOE, atos violentos em Estocolmo e ataques a casas de políticos na Bélgica. Estes são condenados “energicamente”. Assim como outros de “assédio, vandalismo, difusão de desinformação e discurso de ódio por parte de partidos de extrema-direita em todos os estados membros para ameaçar políticos, ativistas, jornalistas e cidadãos europeus todos os dias”.

O texto considera ainda que “a ascensão dos partidos radicais e de extrema-direita na Europa é uma ameaça para o nosso projeto comum, os seus valores e as liberdades civis e direitos fundamentais dos seus cidadãos”.

Os signatários comprometem-se a “nunca cooperar ou formar uma coligação com a extrema-direita a nenhum nível”, vincando que é preciso “recusar firmemente qualquer normalização, cooperação ou aliança” com estas formações políticas.

O Partido Popular Europeu, a que pertencem os partidos da direita portuguesa agora coligados na AD - PSD e CDS - não assinaram a declaração. De acordo com o El Diario, que cita fontes “conhecedoras das negociações”, tentou-se negociá-la com o PPE mas este “exigia alterações inaceitáveis, como a eliminação de alusões à extrema-direita”. O mesmo diz o Guardian que acrescenta que a direita queria que a carta condenasse igualmente a “extrema-esquerda” e a linha vermelha fosse apenas trabalhar com partidos “pró-Ucrânia, pró-Nato e pró-Estado de Direito”.

Aliás, a atual presidente da Comissão Europeia e candidata do PPE, Ursula von der Leyen, mostrou-se disponível para entrar em acordos com um dos dois grupos europeus de extrema-direita, o que junta Georgia Meloni, Érica Zemmour e o Vox espanhol, e o manifesto do grupo retomou temas caros a esta. O argumento é que estes partidos, juntos no ERC, Reformistas e Conservadores Europeus, cumprem aqueles três requisitos da direita europeia.