“Em defesa da democracia” é o título de uma declaração conjunta de vários grupos políticos europeus. Subscrita pela esquerda (The Left), pelo grupo dos socialistas (S&D), pelos verdes e pelos liberais (Renew) a carta condena os ataques de que têm sido vítimas políticos e partidos de esquerda e critica a normalização da extrema-direita.
A iniciativa foi desencadeada depois de um eurodeputado do SPD alemão, Matthias Ecke, ter sido agredido enquanto pendurava cartazes. Teve de ser hospitalizado e operado. A polícia alemã diz que pelo menos um dos quatro agressores estará ligado à extrema-direita. Já esta quarta-feira, Franziska Giffey, também do SPD, senadora estadual para a Economia em Berlim, ex-ministra federal e ex-presidente de Câmara de Berlim, foi também agredida e hospitalizada quando participava numa sessão numa biblioteca em Berlim.
Mencionam-se no manifesto ataques em Espanha contra sedes do PSOE, atos violentos em Estocolmo e ataques a casas de políticos na Bélgica. Estes são condenados “energicamente”. Assim como outros de “assédio, vandalismo, difusão de desinformação e discurso de ódio por parte de partidos de extrema-direita em todos os estados membros para ameaçar políticos, ativistas, jornalistas e cidadãos europeus todos os dias”.
O texto considera ainda que “a ascensão dos partidos radicais e de extrema-direita na Europa é uma ameaça para o nosso projeto comum, os seus valores e as liberdades civis e direitos fundamentais dos seus cidadãos”.
Os signatários comprometem-se a “nunca cooperar ou formar uma coligação com a extrema-direita a nenhum nível”, vincando que é preciso “recusar firmemente qualquer normalização, cooperação ou aliança” com estas formações políticas.
O Partido Popular Europeu, a que pertencem os partidos da direita portuguesa agora coligados na AD - PSD e CDS - não assinaram a declaração. De acordo com o El Diario, que cita fontes “conhecedoras das negociações”, tentou-se negociá-la com o PPE mas este “exigia alterações inaceitáveis, como a eliminação de alusões à extrema-direita”. O mesmo diz o Guardian que acrescenta que a direita queria que a carta condenasse igualmente a “extrema-esquerda” e a linha vermelha fosse apenas trabalhar com partidos “pró-Ucrânia, pró-Nato e pró-Estado de Direito”.
Aliás, a atual presidente da Comissão Europeia e candidata do PPE, Ursula von der Leyen, mostrou-se disponível para entrar em acordos com um dos dois grupos europeus de extrema-direita, o que junta Georgia Meloni, Érica Zemmour e o Vox espanhol, e o manifesto do grupo retomou temas caros a esta. O argumento é que estes partidos, juntos no ERC, Reformistas e Conservadores Europeus, cumprem aqueles três requisitos da direita europeia.