Cortes cegos na Saúde vão causar mais mortes, alerta Bastonário

06 de janeiro 2015 - 1:45

José Manuel Silva defende que os dois casos recentes de doentes que acabaram por falecer após aguardarem várias horas por assistência médica são consequência das medidas de austeridade impostas pelo Governo. Bloco denuncia rutura no serviço de Urgências do Hospital S. Sebastião, em Santa Maria da Feira.

PARTILHAR
Foto de Paulete Matos.

Ainda que o Ministério da Saúde (MS) tenha assegurado que irá apurar responsabilidades, o Bastonário da Ordem dos Médicos frisou esta segunda-feira que “os inquéritos são feitos pelo próprio MS” e que “as conclusões são sempre de branqueamento das suas responsabilidades”.

A morte de dois homens que estiveram mais de seis horas à espera de serem atendidos nas urgências dos hospitais de São José, em Lisboa, e de São Sebastião, em Santa Maria da Feira, “não são inesperados”, destacou José Manuel Silva. “Não são os primeiros e certamente não são os últimos se os problemas das urgências não forem resolvidos”, acrescentou.

Segundo o Bastonário, o Ministério da Saúde deve assumir a responsabilidade por estas “mortes desnecessárias”, relacionadas com o facto de “os doentes não serem atendidos no tempo devido em consequência das medidas de cortes cegos, de asfixia financeira dos hospitais, da ausência de autonomia dos hospitais”.

Bloco denuncia rutura no serviço de Urgências do Hospital S. Sebastião

Num conjunto de questões enviadas ao Ministério da Saúde, os bloquistas denunciam a falta de pessoal no Hospital S. Sebastião, lembrando que, ainda que o Governo tenha vindo a prometer que resolverá a situação, “certo é que, ano após ano, repetem-se as mesmas situações de ruptura em serviços fundamentais para aquele que é o Hospital central do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga”.

“Estamos a falar de um serviço de urgência que não consegue dar resposta à procura, obrigando os doentes a esperarem horas a fio (muitas vezes sem as devidas condições por falta de cadeiras e macas) sem que lhes sejam prestados quaisquer cuidados médicos”, lê-se no documento.

Sublinhando que o Bloco defende “um serviço nacional de saúde de qualidade e de acesso fácil e universal a quem precise dele”, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares, eleito pelo círculo eleitoral de Aveiro, frisa que não podemos “aceitar episódios como os que ocorreram no hospital S. Sebastião”.

“Não podemos ter hospitais sem recursos suficientes para dar resposta aos doentes; temos que ter hospitais de qualidade onde não se espere uma noite inteira para se ser atendido numa urgência. São precisas respostas e medidas imediatas por parte do Governo”, remata.

File attachments