Está aqui

Confirma-se venda de Pavilhão Atlântico a genro de Cavaco Silva

A Autoridade da Concorrência (AdC) aprovou esta terça feira a venda, por 21,2 milhões de euros, do Pavilhão Atlântico ao Consórcio Arena Atlântico, no qual se inclui Luís Montez, dono da Música no Coração e genro do Presidente da República. O equipamento custou ao Estado 50 milhões de euros e “era rentável”, tendo os seus lucros triplicados entre 2009 e 2010.
Foto de Morgaine, Flickr.

Em março de 2012, o governo anunciava a sua intenção de vender o Pavilhão Atlântico e a empresa Atlântico - Pavilhão Multiusos SA, pertencentes à Parque Expo'98, cujo capital era detido em 99,4% pelo Estado.

A aquisição deste equipamento por parte do Consórcio Arena Atlântico - formado por Luís Montez, o dono da Música no Coração e sócio da empresa Ticketline e que é casado com a filha do Presidente da República, Álvaro Ramos, da Ritmos & Blues, e a equipa gestora do Pavilhão Atlântico - foi anunciada em julho.

Um mês após a aprovação da venda, no valor de 21,2 milhões de euros, a Autoridade da Concorrência (AdC) avançou, contudo, com um processo de análise do negócio, tendo solicitado mais informações ao consórcio vencedor.

Cinco meses depois, a AdC concluiu que “foram identificados sérios indícios de que a operação é suscetível de criar entraves significativos à concorrência efetiva nos mercados da promoção de eventos de música ao vivo, serviços de bilheteira e exploração de espaços indoor para espetáculos e eventos de grande dimensão" e decidiu sujeitar o negócio a uma investigação aprofundada.

Segundo adianta agora a Autoridade da Concorrência (AdC) em comunicado, a sua “não oposição” ao negócio deve-se ao facto de o Consórcio Arena Atlântico ter apresentado “um novo conjunto de compromissos, que visaram dar resposta às preocupações que resultaram do teste de mercado aos compromissos apresentados em primeira fase do procedimento”.

O Arena Atlântico já veio congratular-se com a decisão da AdC, reafirmando em comunicado que a aquisição "não suscita qualquer problema de concorrência".

"A Arena Atlântida está a analisar o projeto de decisão, no âmbito da audiência de interessados em curso, e transmitirá oportunamente as suas observações à AdC, no âmbito do espírito de cooperação leal que tem assumido ao longo deste processo, com vista à adoção, pela AdC, de uma decisão final de aprovação da operação", lê-se no documento.

Lucros do Pavilhão Atlântico triplicaram entre 2009 e 2010

A venda do Pavilhão Atlântico e da empresa Atlântico - Pavilhão Multiusos SA, que abrange ainda a empresa de venda de bilhetes Blueticket – concorrente da Ticketline, foi justificada pela ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas, com o argumento de que “o grupo Parque Expo tem uma dívida de 200 milhões de euros, daí a decisão de realizar ativos, vendendo um conjunto de património relevante sobre o qual o Estado não tem função pública crucial a prosseguir”.

A ministra assumiu, contudo, que este equipamento, que custou ao Estado cerca de 50 milhões de euros, “era rentável”. Efetivamente, e segundo noticiou a Lusa em março de 2011, os lucros do Pavilhão Atlântico triplicaram entre 2009 e 2010.

BES financia a operação e faz assessoria a Luís Montez

Para além do genro de Cavaco Silva, da Ritmos & Blues, e da atual equipa de gestão do Atlântico, o consórcio Arena Atlântico integra, na vertente financeira, um fundo de capital de risco do Banco Espírito Santo, o BESPME, sendo que o BES, além de financiar a operação, também assessorou financeiramente Luís Montez .

Em 2006, a empresa ‘Música no Coração’, detida por Luís Montez, devia ao fisco 491 mil euros, sendo alvo de oito processos distintos de execução fiscal. Dois meses depois da nacionalização do banco, o genro do Presidente da República foi chamado ao BPN para regularizar a dívida de 260 mil euros de uma conta caucionada que lhe foi atribuída e de uma livrança. Luís Montez recusou, em declarações à revista Sábado, ter sido privilegiado, adiantando que “foi proposta à Música no Coração a transferência para um outro produto de modo a proceder à amortização do montante utilizado, o que foi aceite".

Luís Montez é promotor do festival Super Bock Super Rock (SBSR), responsável do festival Sudoeste, e dono da herdade da Casa Branca e de outras duas herdades que servem de apoio a este evento, e detém a Rádio Europa-Lisboa, Radar, Oxigénio e Nova Antena (em Lisboa) e a Nova Era e Festival (no Porto), entre outras emissoras.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

Termos relacionados Sociedade
(...)