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Coisas do dinheiro que talvez não saiba

Sabia que a Espanha já pagou treze vezes a dívida pública que tinha em 2000 e continua a dever quase o dobro? Por Pascual Serrano, Rebelión
Vicenç Navarro e Juan Torres Lópes: muita informação útil

Sabia que a empresa Exxon-Mobil ganhou 9.907 milhões de euros em dois anos com um único empregado em Espanha e não teve de pagar um só euro de impostos? Ou que a empresa Foxconn, que fabrica os ecrãs das marcas mais conhecidas de smartphones, teve de pôr redes nas suas fábricas para impedir que os seus empregados, desesperados pelas condições em que são obrigados a trabalhar, se atirassem pelas janelas? Sabia que o valor das ações das 15 empresas maiores do mundo é equivalente ao PIB dos 27 países da União Europeia e que o valor dos ativos do Banco Santander (1,6 bilião) é maior que o PIB da Espanha (1,3)? Ou que apenas nove pessoas controlam um mercado que mobiliza nada menos que 700 biliões de dólares? Sabia que atualmente os Estados apenas criam diretamente menos de 10% do dinheiro circulante, porque o resto é criado de forma intangível principalmente pelos bancos, e é por aceder a este dinheiro virtual que as economias europeias estão endividadas e pagam em juros mais que o salário de todos os seus empregados? E que por cada euro que os bancos recebem em depósito criam novos meios de pagamento – quer dizer, inventam-nos – pelo valor de cinco ou dez euros mais. E esse é o dinheiro que emprestam. No caso de França, já pagou 1,1 bilião de euros em juros desde 1980 a 1996 para uma dívida que era de 229.000. Quer dizer, se esse dinheiro tivesse financiado o seu banco central em vez de os bancos privados, ter-se-iam poupado 914.000 milhões de euros.

A Espanha já pagou treze vezes a dívida pública que tinha em 2000 e continua a dever quase o dobro. Em toda a União Europeia, pagam-se 350.000 milhões de euros à banca privada em juros.

Sabia que na época de George Bush, entre 2002 e 2006, 1% dos norte-americanos recebeu 78% dos rendimentos que se criaram no país?

Sabia que num só edifício do paraíso fiscal das ilhas Caimão estão registadas 18 mil sociedades? E que esses paraísos fiscais são utilizados por 83% das grandes empresas dos Estados Unidos para evitar impostos, por 99% das empresas europeias e 86% das 35 maiores empresas espanholas que têm ações na Bolsa? Sabia que segundo um estudo de uma das revistas científicas mais credíveis morreram 4,47 milhões de crianças durante o período de 1900-2002 como consequência das políticas de austeridade promovidas pelo Fundo Monetário Internacional, quase tanto quanto morreram judeus no Holocausto? E que 15 anos depois das políticas privatizadoras nos países que pertenciam à União Soviética, 11 deles não recuperaram a esperança de vida que tinham durante o comunismo?

Pois tudo isto pude eu saber no livro de Vicenç Navarro e Juan Torres López “Los amos del mundo. Las armas del terrorismo Financiero” (Espasa – aceda aqui à capa e à apresentação em pdf)). Imagine quantas coisas mais se podem saber num livro que tem 200 páginas, se o que eu contei cabe numa.

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

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