Está aqui

Co-autor do relatório do FMI despedido por fraude

Carlos Mulas-Granados, um dos autores do relatório que o FMI elaborou em colaboração com o Governo português para arrasar o Estado Social, foi demitido da Fundação do PSOE que dirigia por ter inventado uma colunista que cobrava 3.000 euros por artigo.
Foto PS Catalunha/Flickr

Tudo indica que a colunista Amy Martin, a quem a Fundação Ideas, ligada aos socialistas espanhóis do PSOE, pagou 50 mil euros pelas suas análises, não passe de um pseudónimo do próprio Mulas-Granados, que assim compôs a sua remuneração em 2010 e 2011. O economista que ajudou Carlos Moedas e Vítor Gaspar a terem mais ideias para retirar salário e qualidade de vida aos portugueses, recebia da Fundação, enquanto diretor-geral, 5625 euros mensais.

"Acho que Amy Martin é uma analista política, só a encontrei uma vez", afirmou Mulas ao diário El Mundo, antes de ser descoberta a fraude da suposta colunista que cobrava 16 cêntimos por caractere. O jornal aponta ainda a "sensacional curiosidade" de alguns artigos, como o que tratava da indústria cinematográfica da Nigéria, ter exatamente o mesmo número de caracteres na versão castelhana que na inglesa, esta cobrada a 10 cêntimos cada um. É ainda assinalada a polivalência da colunista-fantasma, que escreveu sobre a crise nuclear de Fukushima, a medição da felicidade ou a crise na zona euro.

O homem do FMI que enganou a Fundação do PSOE pensou na melhor forma de esconder os pagamentos, passando as faturas através de uma agência literária que representa a sua mulher, a escritora e realizadora Irene Zoe Alameda, que atualmente dirige o Instituto Cervantes em Estocolmo.

Pelos estatutos da Fundação, o seu presidente é o secretário-geral do PSOE, atualmente Alfredo Rubalcaba, mas o responsável máximo é o vice-presidente executivo Jesús Caldera, que anunciou em comunicado ir fazer "uma investigação exaustiva sobre a gestão do sr. Mulas, sem prejuízo de ter já exigido a devolução de todas as quatias faturadas em 2010 e 2011 em nome de Amy Martin". A Fundação não descarta recorrer a ações judiciais contra Mulas, que sempre negou qualquer relação com a colunista-fantasma.

O esquerda.net já tinha feito notícia sobre as contradições deste economista, que fez campanha contra a austeridade em 2012 e no ano seguinte surge como autor de um relatório para o Governo português aplicar a receita de destruição do Estado Social em nome do FMI. Mulas-Granados teve um papel de destaque no PSOE desde 2004, no grupo de economistas que redigiram o programa económico e o programa eleitoral de Zapatero às eleições espanholas. No primeiro mandato como primeiro-ministro, Zapatero nomeou Mulas-Granados para subdiretor do seu Gabinete Económico.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
Comentários (1)