Cientistas detetam três planetas habitáveis a 40 anos luz da Terra

04 de maio 2016 - 22:32

Uma equipa internacional de cientistas descreveu a presença de planetas potencialmente habitáveis a 40 anos luz de distância. Estes planetas devem ser os melhores alvos de pesquisa de vida extraterrestre.

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Imagem de M. Kornmesser/ESO

A equipa internacional de astrónomos do MIT e da Universidade de Liège, na Bélgica, detetou três planetas semelhantes à Terra e a Vénus em tamanho e temperatura a orbitar à volta de uma estrela anã ultrafria, a 40 anos luz da Terra. O trabalho foi publicado na revista Science e os planetas serão alvos potenciais de pesquisa de vida extraterrestre. Apesar de estrelas semelhantes a esta serem comuns na Via Láctea, nunca tinham sido detetados planetas a orbitar em torno de uma.

A descoberta foi feita por intermédio de um telescópio TRAPPIST, um telescópio de apenas 60 centímetros localizado no Chile. A equipa de investigadores criou o telescópio para monitorizar 60 estrelas anãs ultrafrias em comprimentos de onda infravermelhos e pesquisar planetas a orbitar à sua volta.

A equipa centrou as suas pesquisas na estrela agora chamada de TRAPPIST-1, que tem um oitavo do tamanho do Sol e é significativamente mais fria. Os cientistas aperceberam-se que regularmente o sinal de infravermelho diminuía ligeiramente, sugerindo que havia objetos a passar com uma cadência à frente da estrela. Confirmaram tratar-se de três planetas, com dimensões e temperatura entre a de Vénus e a da Terra, ou seja, condições propícias à existência de água em estado líquido e de vida.

O próximo passo será estudar a composição atmosférica dos planetas e pesquisar a existência de vida nos mesmos, explicou o co-autor do trabalho, Julien de Wit “Estes planetas estão tão próximos, e a sua estrela é tão pequena, que podemos estudar a sua atmosfera e composição e, mais à frente, mas ainda na nossa geração, verificar se são realmente habitados. Todas essas coisas são alcançáveis e são alcançáveis agora. É um jackpot na área”.

Em termos de metodologia, o trabalho dos investigadores foi inovador em vários aspetos. Por um lado, escolheram seguir estrelas anãs ultrafrias, e não estrelas semelhantes ao Sol. As estrelas como o Sol, emitem tanta luminosidade que não permitem que se vejam sinais de outros planetas. Já as estrelas anãs ultrafrias emitem uma radiação ténue na banda infravermelha, que permite a deteção de sinais de outros planetas, algo que foi fundamental nesta descoberta, no entanto, a maioria das pesquisas não procura este tipo de estrelas. 

Por outro lado, os investigadores escolheram concentrar-se num número pequeno (60) de estrelas próximas, em vez de muitas estrelas ao mesmo tempo (o telescópio terrestre Kepler, por exemplo, estuda cem mil estrelas ao mesmo tempo).

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