Centenas em protesto contra a violência policial e o racismo

12 de fevereiro 2015 - 19:41

Algumas centenas de pessoas protestaram contra o racismo e a brutalidade policial, na sequência das denúncias de tortura na esquadra a um grupo de jovens da Cova da Moura. Ver fotogaleria.

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Concentração em frente à Assembleia da República cntra o racismo e a violência policial.

Ver fotogaleria do protesto.

Este protesto organizado pelo SOS Racismo, a associação cultural Moinho da Juventude e a Plataforma Gueto levou algumas centenas de pessoas a São Bento no final da tarde desta quinta-feira. Ouviram-se palavras de ordem como "Respeito sim, medo não!" e nos cartazes liam-se mensagens como “Punição aos crimes de racismo e brutalidade policial”, “Queremos justiça. Fim à violência policial”, “Não quero ter medo da PSP” e “Tortura é crime” e gritavam expressões como “Contra a violência policial, fim ao racismo institucional” e “Racismo de Estado, não obrigado”.

Mamadou Ba, do SOS Racismo, disse à agência Lusa que um dos objetivos da concentração foi o de  “exigir que os polícias que agrediram os jovens da Cova da Moura sejam responsabilizados criminalmente”. A deputada bloquista Cecília Honório, que questionou o governo no dia seguinte à denúncia das agressões, esteve presente na concentração e afirmou que ela mostra "um sentimento profundo de injustiça por parte destes jovens. Eles sentem que são desprotegidos em relação a direitos fundamentais”. Para Cecília Honório, “é preciso compreender tudo o que se passou, porque é inadmissível que continuem a ocorrer em Portugal  episódios de violência e racismo como estes”.

Para o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, também presente na concentração, “algo está errado na condução policial: é preciso saber quem é que instrui estes Corpos de Intervenção Rápida e que manuais usam, porque estão a fomentar a violência na nossa sociedade. É preciso pôr termo a isso”.

“Não há semana que não se veja no nosso bairro homens/mulheres de qualquer idade, dos mais velhos aos mais novos, deitados no chão, quase nus encostados à parede, numa imagem do mais degradante para o ser humano”, lamenta a associação que foi distinguida com o Prémio “Direitos Humanos” pelo parlamento em 2007.

Duas das seis vítimas de tortura fazem parte dos corpos gerentes da Associação Cultural Moinho da Juventude, que em comunicado condenou a ação da PSP no bairro da Cova da Moura. “Não há semana que não se veja no nosso bairro homens/mulheres de qualquer idade, dos mais velhos aos mais novos, deitados no chão, quase nus encostados à parede, numa imagem do mais degradante para o ser humano”, lamenta a associação que foi distinguida com o Prémio “Direitos Humanos” pelo parlamento em 2007.

A Associação lembrou também que as queixas enviadas às autoridades no verão de 2013 sobre as agressões policiais no bairro ainda hoje aguardam alguma resposta.

“Perante situações destas, onde a indignação e a revolta se instalam, é esta a visão que as crianças do bairro têm da polícia. Crescem com este sentido de revolta que se vai transformando em raiva e ódio em relação à polícia, em vez do sentimento de protecção que esta entidade deveria transmitir aos mais pequenos. É preciso mostrar respeito para ser respeitado”, defende a associação Moinho da Juventude.