Cavaco Silva tenta explicar-se mas protestos chegam a Belém

24 de janeiro 2012 - 9:56

Numa tentativa de minimizar a onde de choque causada pelas suas declarações, Cavaco Silva diz que apenas quis dar, com o seu exemplo, conta das dificuldades por que passa o comum dos cidadãos. A resposta não parece convencer ninguém e já está marcado para hoje à tarde o primeiro protesto em frente ao Palácio de Belém.

PARTILHAR

A polémica sobre as declarações do Presidente da República continua e obrigou mesmo Cavaco Silva, depois de dois dias sem responder aos jornalistas, a ter que responder. Numa curta nota, reconhece ”não ter sido claro” quando afirmou que os mais de 10 mil euros mensais que recebe das suas pensões - sem contar com os 2900 euros de ajudas de custo - não lhe chegam para pagar as suas despesas.

Afirmando que nunca se quis “eximir dos sacrifícios” exigidos aos portugueses, o Presidente da República diz que “apenas quis ilustrar, com o meu exemplo, que acompanho as situações que chegam ao meu conhecimento de cidadãos que atravessam dificuldades”.

Contrariamente ao que vem sendo habitual, desta vez Cavaco Silva não usou a sua página do Facebook, inundada por comentários negativos de quem tem que sobreviver com rendimentos 20 ou 30 vezes inferiores, preferindo responder por email às perguntas da agência Lusa.

A tentativa de minimizar a onda de choque, que levou mesmo a que, pela primeira vez em décadas, um Presidente da Republica fosse vaiado publicamente, não esmorece as críticas. Hoje mesmo, um grupo que se juntou na internet, organiza uma recolha de moedas em frente ao Palácio de Belem para oferecer ao Presidente da República.

"Cavaco Silva é olhado com desdém pelos seus vizinhos da Quinta da Coelha. É desprezado pelos ex-administradores do BPN. Os que foram para aEDP não o respeitam. Para cavaquista, Cavaco Silva é um pelintra. Vamos auxiliar este pobre reformado. Dia 24 de Janeiro, às 17h30, em frente ao Palácio de Belém, participa numa "flash mob" solidária. Traz uma moeda para o Presidente", lê-se na convocatória da iniciativa que conta com o apoio dos Precários Inflexíveis e dos blogues arrastão, jugular e do jornalista Paulo Querido.

De acordo com Pedro Vieira, um dos promoteres deste protesto simbólico, as declarações de Cavaco Silva são “indignas” para “a maioria de cidadãos que, esses sim, vivem com dificuldades económicas” e apela à participação numa resposta que pretende assumir um registo criativo e irónico.