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Cavaco ataca a Grécia
"O único problema que existe neste momento [na União Europeia] chama-se Grécia. Portugal deseja que a Grécia permaneça na zona do euro, mas essa decisão depende do povo grego e essa decisão será com certeza manifestada nas eleições gregas que vão ter lugar a 17 de junho", afirmou Cavaco Silva em Sidney, perante empresários portugueses residentes na Austrália, segundo a agência Lusa.
Omitindo a profunda crise que se vive em toda a União Europeia, nomeadamente em Portugal, Espanha, Irlanda e Itália, o presidente da República juntou-se assim ao coro internacional de ataque ao povo grego declarando que os gregos vão decidir se ficam no euro, o que é falso, e que a Grécia é o único problema da UE, o que também é falso.
Cavaco Silva admitiu que tem existido crise na zona euro, mas dá a situação como ultrapassada: "É óbvio que tem existido uma crise na zona do euro porque os líderes europeus, as instituições europeias, levaram demasiado tempo a perceber que a crise não era do país A, B ou C, era uma crise sistémica e também porque desvalorizaram o grau de interdependência financeira e económica entre os vários países".
Afirmou ainda que "as instituições europeias não fizeram a sua tarefa, que era supervisionar os Estados membros para evitar que alguns chegassem à situação de défice excessivo incontrolado", nada dizendo sobre o disparar dos juros das dívidas, o dinheiro dado aos bancos e a terrível política de austeridade que vem provocando e continua a aprofundar a crise económica.
Em entrevista ao jornal inglês “The Guardian”, Christine Lagarde, diretora-geral do FMI e antiga ministra das Finanças de Sarkozy, numa declaração xenófoba contra o povo grego diz que "no que se refere a Atenas, penso em todas as pessoas que evitam os impostos o tempo todo. (...) Penso que deviam ajudar-se coletivamente, pagando os seus impostos". Lagarde vai ao extremo de jogar a terrível situação da África subsaariana, continuamente prejudicada pelas políticas do FMI, contra o povo grego.
Lagarde diz ainda que não tem intenção de suavizar as condições impostas no pacote de austeridade da Grécia, afirma que o país tem de "fazer mais" para superar a crise e que deve aceitar que há "um preço" a pagar por ser membro da Zona Euro.
Em defesa do austeritarismo extremo, a ex-ministra de Sarkozy diz que a a zona euro tem de fazer um esforço maior para estimular o crescimento, não através de programas de estímulo, mas de reformas estruturais das suas economias.
Em contracorrente, o manifesto de apoio à Syriza, que apela “à solidariedade internacional com a democracia na Grécia” e manifesta o seu apoio à coligação “na luta por um governo que enfrente a catástrofe social e a bancarrota”, que foi subscrito inicialmente por mais de 250 personalidades continua a recolher muitas assinaturas de apoio.
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