Bloco e PCP apresentam moções de censura ao Governo

01 de outubro 2012 - 16:38

Esta segunda feira, Bloco e PCP anunciaram a apresentação de moções de censura ao Governo PSD/CDS-PP. Francisco Louçã considera que o executivo “deixou de ter condições de credibilidade”. Jerónimo de Sousa adianta que moção do PCP visa “pôr fim à destruição económica e social”. As duas moções deverão ser discutidas e votadas na próxima quinta-feira.

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Foto de Paulete Matos.

"O Governo deixou de ter condições de credibilidade”

Esta segunda-feira, o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda anunciou que o partido irá apresentar uma moção de censura ao Governo, afirmando que “o Governo não tem credibilidade e por isso deve ser a República e a democracia a ter voz na decisão dos problemas do país”.

O Bloco apresenta uma moção de censura por três razões essenciais, disse Francisco Louçã.

Em primeiro lugar, Louçã destacou a necessidade de o Governo se apresentar ao país para esclarecer o “colossal aumento de impostos” que já consagrou perante a Comissão Europeia. Esta medida é “a resposta de Passos Coelho ao Tribunal Constitucional e à perda da sua proposta de aumento da TSU”, disse Louçã, considerando que se trata, na verdade, de um “logro”, pois “já sabemos que pelo menos um salário será retirado a todos os trabalhadores, um corte equivalente com o que se pretendia com a medida da TSU”. Louçã desafia então Passos Coelho “a apresentar às vítimas o que já acordou com Durão Barroso”.

Em segundo lugar, “o Governo deixou de ter condições de credibilidade, nem externa, nem interna, para poder dirigir o país”, afirmou Louçã. Para o Bloco, o Governo não tem já uma coligação que o sustente, não tem o apoio do Presidente da República, nem da democracia e está e confronto com o Tribunal Constitucional”.

A terceira razão, enunciou o dirigente do Bloco, é que “o Governo afirmou, há um ano atrás, que não havia alternativa ao endividamento, ao empobrecimento, à desigualdade entre quem trabalha e quem recebe os rendimentos do capital, mas sabemos agora que não há alternativa nenhuma na política do Governo”. Louçã referiu o aumento da dívida e do desemprego para afirmar que “a alternativa de Passos Coelho e Paulo Portas morreu”. “O povo percebeu que essa alternativa não tem nenhuma viabilidade”, sublinhou.

“Uma outra alternativa tem de se erguer e deverá ser discutida pela República”, defendeu, “para recuperarmos da dívida do défice e do empobrecimento”. A solução apontada por Louçã passa pela prioridade do investimento e do controlo do crédito, pela reestruturação da dívida, pelo corte com o memorando da troika. “Colocar a economia ao serviço do emprego, das pessoas, do respeito pelos contribuintes” é o objetivo.

Francisco Louçã lembra “a persistência da luta e da mobilização de tantas pessoas diferentes, dos sindicatos, do movimento sociais, a coragem de tantos jovens, essa energia que levou um milhão de pessoas na rua para exigir a demissão do Governo”. “É essa moção de censura que o Bloco leva ao parlamento”.

O Bloco mantém a convicção de que “ninguém pode faltar” e reforça a necessidade de “levar ao parlamento a voz do povo, sem virar as costas à luta”. Na semana passada o Bloco fez um apelo a toda a oposição, “e hoje veremos o resultado dessa vontade de conjugação”, afirmou Louçã.

“Por isso, hoje damos um sinal extraordinário que Merkel, a troika e o país perceberão – “nós não podemos continuar por este caminho”.

PCP apresenta moção de censura para “pôr fim à destruição económica e social”

Uma hora após o início da conferência de imprensa do Bloco, foi a vez de Jerónimo de Sousa anunciar a apresentação de uma moção de censura ao executivo, que constitui uma “resposta à ofensiva do Governo e uma exigência face à situação do País e da vida dos portugueses”.

“É preciso que a força cada vez maior da luta dos trabalhadores e do povo contra esta política encontre eco e tradução institucional na Assembleia da República. O PCP vai por isso apresentar hoje uma moção de censura ao Governo PSD/CDS”, anunciou o líder do partido.

Jerónimo de Sousa salientou que, desde junho passado, “registou-se uma profunda e acentuada degradação da situação do país”, mas também o “aumento da luta” contra “o pacto de agressão e a política de direita”.

É preciso “pôr fim à destruição económica e social”, enfatizou, sublinhando que a apresentação de uma moção de censura era “absolutamente incontornável”, já que os portugueses não aguentam “mais exploração, mais miséria e mais desemprego”.

Na sua moção de censura, o PCP defende que a “rejeição do pacto de agressão, a derrota do Governo PSD/CDS são indispensáveis para abrir caminho a uma verdadeira mudança de política, que não se basta com a eliminação pontual das medidas ou com a alteração da forma como são apresentadas ou aplicadas”.

"É hoje evidente que o País não aguenta mais da mesma política. Está hoje claro que só com uma política patriótica  e de esquerda o País pode inverter o rumo de desastre em que se encontra", lê-se no documento.

Nesse sentido, a moção de censura é, para o partido, “uma exigência dessa política patriótica e de esquerda, necessária e indispensável para o progresso do País e para um futuro melhor para todos os portugueses”.

As duas moções de censura deverão ser sujeitas a discussão e votação na próxima quinta feira.

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