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Bloco apresenta proposta para integrar 2500 médicos no SNS

A falta de médicos que vai limitar o trabalho hospitalar no Verão pode ser invertida com um contrato oferecido aos 2500 estudantes de medicina fora do país, defendeu Francisco Louçã, que também criticou o discurso "repetitivo" de Cavaco no 10 de junho.
Este verão, "as crianças doentes no distrito de Setúbal vão ter de correr para Almada porque os hospitais não funcionam", acusa o Bloco. Foto do hospital Garcia da Orta, o único que irá manter as urgências pediátricas em funcionamento no distrito.

“Há hoje 2.500 estudantes de medicina a estudar na República Checa, em Espanha e noutros países. O Bloco propõe que se abra a possibilidade de todos estes estudantes terem contrato garantido durante dez anos a partir do primeiro ano de especialidade, no âmbito do SNS, para que possam aprender, formar-se e devolver os cuidados e a entrega de que o SNS precisa para assegurar a sua cobertura universal”, defendeu o coordenador bloquista em conferência de imprensa.

"No hospital de Almada, vamos ter a única consulta de urgência de pediatria durante 24 horas em todo o distrito. E todas as outras vão fechar no verão, porque não há médicos. As crianças doentes no distrito de Setúbal vão ter de correr para Almada porque os hospitais não funcionam", prosseguiu Louçã.

O Bloco defende que a sua proposta "permitiria trazer para Portugal milhares de médicos que não conseguem voltar, quando nós cá temos falta de médicos. Soluções é do que nós precisamos, em vez de assistirmos fechando os olhos ou ignorando o agravamento sistemático destes problemas dramáticos como é o do Serviço Nacional de Saúde. Este mesmo problema vai existir nas maternidades do país ou na obstetrícia já este verão. Para salvar o SNS, é preciso actuar agora" defende Francisco Louçã.

Quanto ao discurso de Cavaco Silva no 10 de Junho, em que o presidente apelou a que as medidas de austeridade fossem melhor explicadas, Louçã classificou-o de "repetitivo" e chamou a atenção para o que considera ser uma ideia "socialmente arrogante". "O discurso do presidente veio repetir uma ideia antiga: a de que havendo austeridade, o que falta é explicá-la melhor. E eu fico com a sensação que há uma elite que em Portugal está presa no cimo duma torre de marfim e que de vez em quando olha para baixo, e perante as pessoas que estão desempregadas, ou que sabem que ontem tiveram uma redução de salário ou aumento de impostos, vão dizer que o que o desempregado precisa é que lhe expliquem melhor o que é o desemprego. Ora, não há nenhum desempregado ou nenhuma pessoa que tenha sofrido o aumento dos impostos que não saiba o que é o desemprego e o aumento dos impostos".

"O presidente, que apoiou o Código do Trabalho e a alteração da segurança social que o PS fez com o PSD e o CDS, é também o pai desta austeridade", acrescentou Louçã. "E no dia seguinte ao aumento dos impostos vir dizer que o que é preciso é haver um acordo geral para que o país feche os olhos a estas dificuldades, é uma forma de ignorar a responsabilidade intensa que é precisa para trazer uma economia que crie emprego, que crie qualificações, que reduza a precariedade e enfrente a pobreza. E portanto que recuse as medidas que estão a agravar o abismo económico que hoje estamos a viver".

"Não creio que haja uma resposta no sistema político de hoje, de um presidente comprometido com o governo, de um governo comprometido com o PSD, duma politica que se fecha na ideia que não há soluções. É preciso trazer para a democracia a força, a convicção e a determinação que lhe tem faltado", concluíu o dirigente bloquista.

 

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