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BES: “Fugas de informação não podem ficar impunes”

João Semedo defendeu a realização de uma sindicância ao Governo e ao Conselho de Ministros para um completo esclarecimento sobre a matéria. Bloco quer saber como é que Marques Mendes teve conhecimento do que ia acontecer 24h depois e quem mais teve acesso à informação, evocando que José Luís Arnaut pertence à Goldman Sachs, uma das sociedades que vendeu 4 milhões de ações do BES.

“Todo este processo em torno do Banco Espírito Santo (BES) fica também assinalado e marcado por uma sucessão de fugas de informação que, neste caso concreto, e além de serem politicamente reprováveis e condenáveis, tiveram um impacto intenso na própria matéria que estava a ser alvo da intervenção do Governo e do Banco de Portugal”, afirmou João Semedo durante uma conferência de imprensa que teve lugar esta quarta feira na sede nacional do Bloco.

“Na sequência dessas fugas de informação, as ações do BES continuaram em bolsa dois dias, tendo o conjunto de informação e contrainformação que circulou se traduzido numa deterioração do valor do BES em cerca de 70%”, lembrou o dirigente bloquista.

Segundo o coordenador do Bloco, esta desvalorização tornou “o problema do BES ainda maior do que já era para o Estado, para os contribuintes e para o próprio setor bancário e financeiro”.

“E é por isso que o Bloco não compreende como é que o Governo, ao fim de todo este tempo, ainda não tenha tido uma palavra, uma atitude relativamente a estas fugas de informação”, adiantou João Semedo, sublinhando que este não é um caso isolado.

“Independentemente da averiguação da CMVM, é preciso esclarecer no plano político como é que é possível que, mais uma vez, Luís Marques Mendes, comentador de televisão e ex presidente do PSD, tenha sido, na sua intervenção, completamente esclarecedor sobre o que o governador do Banco de Portugal iria anunciar no dia a seguir em relação ao BES”, salientou o dirigente bloquista, lembrando que “não é a primeira vez que Marques Mendes funciona como um porta voz do governo”.

“Isto degrada a imagem das instituições, é negativo para a imagem da democracia e não é aceitável que um órgão de soberania esteja sistematicamente sujeito a fugas de informação”, assinalou.

Para João Semedo, é importante indagar como é que Marques Mendes “tomou um conhecimento tão pormenorizado sobre o que ia acontecer 24h depois” e quem mais teve acesso à informação, evocando que José Luís Arnaut é da Goldman Sachs e que essa é uma das sociedades que vendeu 4 milhões de ações.

“Neste caso, o que faltou em transparência sobrou em informação manipulada e ocultação de informação. O Governo e o Banco de Portugal ocultaram mais do que informaram. Se não fosse a publicação, por parte de um escritório de advogados, da ata do conselho de administração do BdP sobre o BES, ainda hoje o país não sabia muito dos elementos sobre essa operação”, afirmou o coordenador nacional do Bloco.

“É inadiável que o primeiro ministro determine a realização de uma sindicância ao Governo e ao Conselho de Ministros para que haja um completo esclarecimento sobre estas fugas de informação. Essa sindicância deve ser dirigida por um juiz escolhido e indicado pelo Conselho Superior de Magistratura”, defendeu João Semedo, realçando que as “fugas de informação não podem ficar impunes, têm de ter um esclarecimento e um fim”.

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