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Arábia Saudita e Qatar financiam sabotagem da revolução na Tunísia

As petroditaduras do Golfo financiam cerca de três mil organizações extremistas islâmicas na Tunísia para sabotar a revolução e os efeitos democratizadoras da Primavera Árabe, apurou a delegação da Esquerda Unitária (GUE/NGL) presente no Fórum Social Mundial (FSM) durante uma reunião com a Frente Popular realizada em Túnis.
Cartaz do Fórum Social Mundial 2013 na Tunísia.

O encontro decorreu depois do encerramento do Fórum Parlamentar Mundial, uma das ações integradas no FSM e que juntou deputados de países dos cinco continentes.

A denúncia do envolvimento na Tunísia de organizações financiadas pela Arábia Saudita e Qatar, como acontece em outros países, por exemplo a Síria e a Líbia, foi feito pelos membros da Frente Popular durante uma reunião dedicada principalmente aos meios concretos de solidariedade entre as forças de esquerda, revolucionárias e progressistas nas duas margens do Mediterrâneo e no resto do mundo.

A Frente Popular explicou o seu programa de intervenção na sociedade tunisina através de três eixos com o objetivo comum de instaurar uma sociedade realmente democrática e respeitadora dos direitos humanos. Um dos eixos é o político, atuando pela democracia plena; outro eixo é o patriótico, orientado pela defesa da soberania nacional e a luta contra a "externalização da revolução", uma operação conduzida por meios financeiros internacionais oriundos principalmente das monarquias absolutas do Golfo, para exercerem o seu domínio sobre a Tunísia através do extremismo religioso; o terceiro eixo é o socioeconómico, orientado pela instauração de uma verdadeira integração regional e de um modelo económico garantindo o direito ao emprego para todos e rejeitando o neoliberalismo imposto pelas instâncias internacionais, entre elas a União Europeia.

A Frente Popular considera também necessária a criação de uma "frente cultural" capaz de combater a mensagem das forças reacionárias e fundamentalistas segundo a qual a esquerda é contra a identidade árabe-muçulmana e, portanto, a revolução deve assentar num poder teológico.

A delegação do GUE/NGL presente em Túnis participou depois numa homenagem a Hugo Chávez e a Chokri Belaid, o dirigente da Frente Popular recentemente assassinado. Durante a homenagem os presentes reclamaram o esclarecimento total deste crime, de modo a terminar com a situação de impunidade das milícias atuando na Tunísia, a exemplo do que acontece em outros países como o Egito, a Líbia, a Síria e o Iraque.


Artigo publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu.

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