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Governo usa "golpe de magia" com médicos de família

Está em marcha um "estratagema administrativo" que cria a ilusão de que todos os cidadãos passaram a ter médico de família, apesar de nunca o terem conhecido. O Bloco de Esquerda requereu a presença do Presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo na comissão parlamentar de Saúde para dar explicações.
Governo quer disfarçar a degradação dos serviços de saúde atribuindo aos médicos de família todos os utentes que deixaram de ir aos Centros de Saúde nos últimos 3 anos. Foto Paulete Matos

Para o deputado bloquista João Semedo, o estratagema está a ser ensaiado nos centros de saúde do ACES Lisboa Oriental e consiste na "inclusão forçada de muitos milhares de utentes sem médico de família atribuído nas listas dos médicos daquele ACES, tantos utentes quantos aqueles que há 3 anos não recorrem ao centro de saúde". Estes utentes são colocados "numa segunda lista do seu médico de família que, no entanto, continuará a ser responsável pelo seu atendimento".

Ou seja, com este "golpe de magia", a lista de cada médico de família irá ultrapassar os 1550 utentes que a lei determina, "sem que haja qualquer alargamento de horário de serviço, pagamento de horas extraordinárias ou atualização salarial" aos médicos. Segundo dados oficiais, há cerca de 1,8 milhões de pessoas sem médico de família em Portugal.

João Semedo denuncia ainda que o processo "está a ser implementado sem qualquer aviso e consulta aos utentes" e que o único critério para a distribuição dos utentes é mesmo o de não terem médico de família.

Em vez de atualizarem as listas de inscritos fazendo uma "limpeza" aos nomes nos ficheiros que já faleceram ou deixaram de residir na zona coberta pelo centro de saúde, o Governo promove uma "uma operação de “empacotamento” de utentes dos centros de saúde e da sua distribuição sem qualquer respeito pelos princípios que orientam a organização dos cuidados primários de saúde e a atividade dos médicos de família", acusa Semedo, que prevê que este estratagema, a "concretizar-se e a generalizar-se a todo o país, terá consequências muito negativas para a saúde dos utentes.

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