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Merkel e Sarkozy chantageiam a Grécia com fim do financiamento

Pressionado pelo forte descontentamento popular com mais um duro plano de austeridade, o governo grego adiou mais uma vez o acordo com a troika. Depois de Papademos ter anunciado o plano para despedir 15 mil funcionários públicos, a oposição de esquerda fala em farsa, acusando o governo de já ter cedido a Bruxelas.

Gorado ontem mais um prazo limite para o acordo entre governo grego e a troika para as bases do segundo pacote de financiamento de Atenas, Merkel e Sarkozy correram para a enésima conferência de imprensa para subir o tom da chantagem."A Grécia deve respeitar escrupulosamente os seus compromissos. Não tem outra opção que não passe por aprovar as reformas. O tempo está-se a acabar e, se não o faz, bloquearemos os fundos”, declarou o presidente francês.

Pressionado pelo forte descontentamento social com as medidas impostas, e pela rejeição dos termos humilhantes como a Grécia tem sido tratada, o Governo grego tem adiado a assinatura do acordo imposto pela União Europeia para poder aceder a um segundo pacote de financiamento, no valor de 130 mil milhões de euros.

Depois de, supostamente, ter conseguido o mais difícil - um acordo com os credores privados para que estes aceitem uma redução de 50% dos seus créditos -, Atenas tem adiado a assinatura com a troika (FMI, UE e Banco Central Europeu), recusando-se a aceitar as duras condições impostas a um país que vai para o quinto ano em recessão.

Com mais de meio país parado esta terça-feira, numa das greves gerais com maior adesão desde que a Grécia assinou o acordo com a troika, o Governo liderado por um tecnocrata escolhido por Bruxelas já disse aceitar despedir 15 mil funcionários públicos este ano (150 mil, até 2015). A diminuição do número de funcionários públicos é uma das condições impostas para que Atenas possa aceder aos 130 mil milhões de euros que necessita a partir de Março.

Depois do primeiro plano da troika ter arrastado o país para uma crise sem precedentes, Bruxelas e o FMI pretendem acelerar o programa de austeridade e diminuição do peso do Estado. Entre as outras medidas de austeridade na base de mais um adiamento do acordo, conta-se a diminuição de 20% do salário mínimo (de 750 euros para 600 euros por mês), o fim dos 13º e 14º meses no sector privado, diminuição dos dias de férias, flexibilização do mercado de trabalho e diminuição das despesas com o serviço público de saúde.

A oposição de esquerda, no entanto, não parece convencida do braço de ferro que, supostamente, o governo grego está a tentar com a União Europeia e acusa a coligação no poder de “estar a fingir para poder negociar à vontade”. Estão a gozar connosco. Já todos sabemos que estão alinhados para fechar o acordo”, denunciou esta terça-feira, Alexis Tsipras, secretário-geral do Syriza.
 

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