Num debate marcado pelas medidas de austeridade ontem anunciadas, Francisco Louçã questionou a natureza do desvio orçamental ontem invocado por Pedro Passos Coelho, recordando que nenhum dos indicadores do Instituto Nacional de Estatística corrobora os números invocados pelo Governo. Tudo o que se conhece, aliás, comprova que foram as medidas recentemente implementadas que "já fazem cair as receitas fiscais", declarou o deputado do Bloco de Esquerda.
O Governo está “escrever uma nova Constituição, um novo pacto da relação com o cidadão, e é por isso que não pode responder por aquilo que disse durante a campanha eleitoral”. A campanha tornou-se uma mentira”, considerou Francisco Louçã. o deputado do Bloco acusou o Governo de não ter nenhuma proposta para fazer crescer a economia e de estar a atirar o país, com estas medidas, para uma recessão superior a 4% no próximo ano.
“Os portugueses já começam a saber a resposta. Trabalha-se mais para sermos mais pobres. É a economia das piranhas, mais 15 dias de trabalho gratuito para a economia cair mais, menos dois meses de salário para a economia ficar pior, tirar dois meses de pensões aos nossos pais para melhorar a vida social”. Estas medidas “só podem dar errado”, concluiu o deputado do Bloco de Esquerda.
Francisco Louçã acusou ainda o primeiro-ministro por, depois de ter tirado metade do subsídio de Natal de 2011, retirar agora a totalidade dos de férias e Natal dos próximos dois anos, navegar de medidas provisórias em medidas provisórias que vão permanentemente diminuindo os salários e direitos dos portugueses.
Na resposta ao Bloco de Esquerda, Pedro Passos Coelho desvalorizou o impacto recessivo da brutal diminuição de rendimentos imposta aos pensionistas e funcionários públicos, dizendo que uma estimativa de 4% de recessão para 2012 só pode ser um “lapso”.
Recorde-se que, desde que a nova maioria de direita tomou posse, as previsões económicas para 2012 já foram revistas em baixa duas vezes. Partindo de uma estimativa de recessão de 1,8%, o Banco de Portugal fala agora numa diminuição do produto nunca inferior a 2,2%.. Todos estes indicadores são anteriores ao anúncio das medidas recessivas propostas no Orçamento de Estado para o ano que vem.