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A Moodys tem razão
E, de repente, ficaram todos indignados. E, de repente, todos viraram críticos de sempre das agências de rating. Foi como se o fervor de união nacional “a la Scolari” tivesse regressado, desta vez sob a forma de resposta unida contra a ofensa ao brio patriótico perpetrada pela Moodys.
Não nos tirem a memória. Lembramo-nos bem de que, há menos de uma semana, a quem pusesse em causa a autoridade sacrossanta destas agências hoje abutres estava destinada uma desqualificação absoluta. Lembramo-nos ainda melhor que foram as notações destas agências que foram assumidas como fundamento incontestável para legitimar a intervenção da troika e o seu alcance arrasador. Nessa altura, Passos Coelho não sentiu nenhum murro no estômago, antes achou que a economia nacional o requeria quanto antes.
E, no entanto, este consenso ofendido evita falar do essencial. E só por isso é consenso. O essencial é saber se é não verdade que Portugal não estará em condições de pagar esta dívida, com os juros fixados pela troika, tendo em conta a recessão profunda que o plano de austeridade impõe ao país. Por aí passa a linha divisória que conta. Ela não separa adeptos das agências e dos seus métodos de críticos destas nebulosas, ela separa adeptos da política de austeridade por elas legitimada de críticos dessa política. Porque quem brada contra a decisão da Moodys só porque ela desprezou o “grande e sério esforço do Governo está agora a fazer para pôr as contas públicas em ordem” através de políticas de orientação recessiva radical alimenta objectivamente as razões que a levaram a tomar aquela posição. Quanto mais recessão, mais inviabilidade de pagamento – não restam dúvidas sobre isso. Toda a indignação é, pois, legítima. Não pela frivolidade e pela leviandade interessada irresponsável das agências de rating, mas contra as opções de política de empobrecimento que lhes serve de pasto.
Comentários
No essencial, todos os
No essencial, todos os militantes, simpatizantes, todos os que votaram
no Bloco e todos os que potencialmente poderão votar no Bloco, estamos e estão concerteza de acordo nas questões essenciais.
Quem está "de fora" (cidadão eleitor) deseja que o Bloco se una e aproveite as mensagens que deixou na pré campanha e na campanha. O bloco tinha razão, o Bloco tem razão.
Jorge Sérgio Cabo (cidadão eleitor)
é hipócrita da parte de
é hipócrita da parte de neo-liberais assumidos vir agora defender um "abuso de poder" e "injustiça" por uma agência de rating, qnd no passado as mesmas ações tão bem lhes serviram para criticar a política económica de outro governo. mas a questão é q o BE não deve(ria) cair no mesmo erro e, portanto, defender q são as políticas de austeridade q servem "de pasto" às agências de rating é um erro crasso - é um erro em si e é um erro político. todos sabemos q se o governo português fizesse o q devia em termos de política económica, a agência de rating teria feito o downgrade na mesma, certo?
é legítimo atacar as AR por aquilo q elas são - agentes especuladores ao serviço de quem lhes paga; e é legítimo atacar o governo pelas políticas de austeridade q em nada vão resolver a crise económica portuguesa, muito pelo contrário. mas tentar misturar as duas coisas é de um oportunismo míope. e o BE não perde razão, mt pelo contrário, se continuar a distinguir politicamnte estas duas batalhas.
Curioso verificar os lamentos
Curioso verificar os lamentos dos senhores de fato e gravata sobre as agências de rating. A decisão é infeliz dizem uns, não há razões que o justifiquem dizem outros. Triste constatar o assalto dos senhores de fato e gravata sobre a classe trabalhadora. Tem que ser dizem uns, a situação está pior que pensavamos e somos obrigados a tomar estas medidas dizem outros. Isto tudo só me leva a pensar numa grande conspiração (que de facto existe) para que o grande capital saia sempre beneficiado. As empresas vão ser vendidas ao desbarato dando lucro aos seus novos proprietários pouco tempo depois e adivinhem onde vão surgir mais cortes e austeridade
Como é gratificante estar do
Como é gratificante estar do lado da razão. Poderão questionar-me que tendo razão nada posso fazer para inverter a tendência. Respondo-lhes dizendo que tem razão mas que para a próxima oiçam-me (nos) com mais atenção. Finalmente os iluminados deste Portugal acordaram para a realidade. Finalizo apontando o dedo a todos os políticos, comentadores políticos, opinion makers, jornalistas e afins que afinal de contas sempre há algo a fazer quando nos querem fazer crer nas inevitabilidades...
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