Governo britânico vai despedir 500 mil na Função Pública

21 de outubro 2010 - 12:45

O Reino Unido anunciou esta quarta-feira os detalhes do novo plano de austeridade, com vista a reduzir o défice de 10,1% para 2,1% até 2015. Economista e sindicatos dizem que é a recessão que aí vem.

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Esta quarta-feira, cerca de três mil pessoas protestaram em Londres, em frente ao Parlamento, ficando a promessa de greves e mais protestos a nível nacional. Foto LUSA/EPA/Andy Rain

O ministro das Finanças de Inglaterra, George Osborne, apresentou esta quarta-feira as novas medidas de contenção orçamental do Governo britânico.

Na Casa dos Comuns em Londres, o ministro explicou que o Governo pretende criar uma taxa permanente para o sector bancário, visando conseguir "o máximo de receitas sustentáveis" e disse ainda estar previsto o despedimento de 490 mil funcionários no sector público nos próximos quatro anos, embora parte desta redução dos quadros seja feita através do congelamento das contratações.

Este é o mais rígido pacote de austeridade do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial e tem em vista uma redução do défice orçamental do país em 156 mil milhões de libras (177 mil milhões de euros).

As medidas, que contemplam cortes orçamentais de 19%, em média, nos vários Ministérios (sobretudo nos da Justiça, do Interior, do Meio Ambiente e da Cultura), irão permitir diminuir os gastos públicos em 83 mil milhões de libras (94 mil milhões de euros) e baixar o défice dos 10,1% do PIB em 2010 para 2,1% no exercício fiscal de 2014-2015. Já os custos inerentes à dívida do país deverão de cair em mais de cinco mil milhões de libras (5,7 mil milhões de euros) nos próximos cinco anos.

Osborne insistiu na vontade do governo "de cortar o desperdício e reformar a Estado providência", anunciando a supressão acentuada de verbas aplicados nos benefícios sociais: apoio ao desemprego, à habitação e ajudas aos portadores de deficiência. O serviço nacional de saúde e a ajuda externa ao desenvolvimento foram poupados.

O aumento para 66 anos da idade de reforma entrará em vigor a partir de 2020, antes do que o previsto. Para demonstrar que todos serão afectados, os gastos da Casa real terão um corte de 14% em 2012/13.

A BBC, por sua vez, terá o orçamento congelado por seis anos, financiando ela própria o célebre World Service radiofónico, que funcionava até então com uma verba ministerial.

Reforma para a recessão

Repetindo a opinião de alguns especialistas, o líder da oposição, Ed Milliband, acusou o governo de tomar medidas de risco que podem fazer o país mergulhar novamente na recessão" no momento em que a retoma económica dá sérios sinais de fraqueza. Trata-se de uma política "injusta" que incidirá sobre os mais fracos e de um "masoquismo económico", defende.

Também o National Institute of Economic Social Research (NIESR), uma das mais conceituadas entidades de análise económica do Reino Unido, considera que o plano do Governo de coligação liderado por David Cameron aumenta as probabilidades de que a economia britânica enfrente uma contracção em 2011.

A contestação dos sindicatos também já se fez ouvir. Em Londres os manifestantes protestaram contra as isenções fiscais de 19 mil milhões de libras (cerca de 21.600 milhões de euros) que terão os bancos que foram ajudados pelo anterior Governo de Gordon Brown na crise financeira, um valor que serviria para cobrir mais de dez por cento do défice de 155.000 milhões de libras (cerca de 176.000 milhões de euros).

O líder da federação sindical TUC (uma das mais representativas do país), Brendan Barber, alega que as medidas vão custar um milhão de empregos e "não são uma necessidade económica, mas uma escolha política".

 

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