Sindicatos ao G20: meias-medidas não resolvem a combalida economia global

26 de março 2009 - 0:00
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Numa pressão internacional sobre os governos do G20 para tirarem a economia global da recessão e empreenderem um novo curso para a criação de empregos, a regulação financeira e a governança global, os sindicatos de todo mundo estão a apresentar um conjunto comum de reivindicações aos seus governos nacionais. O plano sindical de cinco pontos, que inclui propostas políticas detalhadas, inclui as acções necessárias para combater a crise e construir uma economia mundial mais sustentável e justa para o futuro.



 



As medidas propostas são:



    Uma recuperação internacional coordenada e um plano de crescimento sustentável para criar emprego e garantir investimento público.



     Nacionalização dos bancos insolventes e novas regulações financeiras;



    Acção para combater o risco de deflação dos salários e reverter décadas de crescente desigualdade;



    Ampla acção contra as alterações climáticas;

    Um novo quadro internacional para regular a economia global, acompanhado da reforma das instituições económicas e financeiras globais (FMI, Banco Mundial, OCDE, OMC).



Numa pressão internacional sobre os governos do G20 para tirarem a economia global da recessão e empreenderem um novo curso para a criação de empregos, a regulação financeira e a governança global, os sindicatos de todo mundo estão a apresentar um conjunto comum de reivindicações aos seus governos nacionais. O plano sindical de cinco pontos, que inclui propostas políticas detalhadas, inclui as acções necessárias para combater a crise e construir uma economia mundial mais sustentável e justa para o futuro.



A "Declaração de Londres dos Sindicatos Globais G20", apresentada pela Confederação Sindical Internacional (CSI) e o Comité Assessor dos Sindicatos (TUAC, sigla em inglês) na OCDE, estabelece os passos que o G20 precisa dar em cooperação com outros governos. Está a ser apresentada pelos movimentos sindicais nacionais aos seus governos, e será formalmente apresentada à cimeira dos líderes do G20 de Londres em 2 de Abril. Sindicatos de todo o mundo juntar-se-ão aos seus colegas do Trade Union Congress (TUC, central sindical britânica), numa grande mobilização da sociedade civil prevista para 28 de Março em Londres, para pressionar por acções globais coordenadas dos governos.



"Se os governos do G20 em Londres só conseguirem chegar a meias-medidas, terão deixado de assumir as suas responsabilidades. Como líderes das maiores economias, têm a responsabilidade e a possibilidade de substituir o fracassado neoliberalismo do passado por uma nova direcção da globalização", disse o secretário-geral da CSI, Guy Ryder.



A recuperação e o crescimento sustentável podem ser obtidos, de acordo com a Declaração, mas só se o foco for posto na criação de emprego e no investimento público, nas políticas de activar o mercado de trabalho, de ampliar as redes de segurança social e medidas especiais para o desenvolvimento das economias emergentes. Os sindicatos também avançam um plano de acção específico de oito pontos para a regulação financeira global, com acções imediatas para nacionalizar os bancos insolventes.



"A regulação frouxa ou não-existente dos bancos e das actividades financeiras transformaram a economia mundial num casino onde tudo vale, mergulhando o mundo numa recessão profunda e causando a perda de dezenas de milhões de empregos. É preciso resolver isto urgentemente. Outro pilar principal da recuperação e da reforma, a criação de empregos decentes e sustentáveis e o aumento do poder de compra, devem ser uma uma prioridade do G20", disse John Evans, secretário-geral da TUAC.



A Declaração de Londres aponta para o risco real de deflação dos salários, e destaca o facto de que o crescimento da desigualdade de rendimentos em todo o mundo tem contribuído em grande parte para a actual recessão, já que o poder de compra dos trabalhadores tem sido insuficiente para ajudar a manter a procura por bens e serviços. A garantia de que todos os trabalhadores tenham o direito de contratação colectiva vai estabelecer um plafond decente nos mercados de trabalho e alimentar o estímulo económico através do aumento do poder de compra das famílias. Isto está intimamente ligado a uma mais ampla reforma do FMI, do Banco Mundial, da OCDE, da OMC, com a inclusão da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no centro de um efectivo e confiável sistema de governança global.



"A regulação financeira é essencial, mas não é suficiente. A nova governança global deve ser baseada num forte pilar de direitos sociais, incluindo os padrões de trabalho da OIT. A economia real, o trabalho decente e a redução da pobreza já não podem ser deixadas de lado da política global. O G20 não deveria limitar os seus horizontes adoptando apenas mudanças marginais de um sistema desacreditado. Precisa liderar uma reestruturação completa da forma como a economia mundial é dirigida. Os que pensam que podemos voltar ao business as usual estão enganados", disse Ryder.



As propostas dos sindicatos também apontam para a necessidade urgente de combater as alterações climáticas, dados os enormes custos sociais, económicos e ambientais de não se fazer nada. Os governos já deviam estar a aplicar uma resposta fiscal global à crise económica para seguir um caminho de "economia verde". A criação de empregos verdes, e a acção para garantir uma "transição justa" nas comunidades e nos sectores afectados pela mudança para uma produção amiga do ambiente, são centrais para se conseguir as necessárias reduções de emissão de gases com efeito estufa e contribuir para tirar o mundo da recessão.



"Os governos têm as alavancas necessárias agora para virar o mundo para uma via de crescimento verde. Perder esta oportunidade seria uma tragédia para a Humanidade e para o futuro do planeta", disse Evans.



A CSI representa 170 milhões de trabalhadores em 312 organizações nacionais afiliadas de 157 países.



Tradução de Luis Leiria

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