"Parabéns Barack! Agora, fora de Cabul e do Iraque!"

08 de novembro 2008 - 0:00
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A antiga chefe do serviços de informações britânico afirmou que, na sua opinião, todo o conceito de "guerra ao terrorismo" foi mal conduzido desde o início, que foi uma reacção exagerada a um ataque terrorista.



Por Tariq Ali



Se é esta a opinião partilhada pelos seus colegas da CIA e da Agência de Informações da Defesa, então talvez possamos começar a ver algumas mudanças na política externa americana sob a administração Obama, particularmente, um regresso à forma testada e comprovada de defender os interesses americanos confiando nas relações locais.



Isto implicaria usar o governo paquistanês para "guardar" o Afeganistão, o mesmo relativamente ao Irão pós-Ahmadinejad em relação ao Iraque. A razão para esta situação é que ambas as guerras foram um desastre.



A visão de Obama sobre o Afeganistão/Paquistão está, usando um eufemismo, seriamente distorcida. O facto de os EUA estarem a encetar (desde há algum tempo) conversações directas com a resistência neo-taliban é uma indicação séria de que consideram a guerra perdida.



Os neo-taliban disseram aos enviados de Washington que não participariam em nenhuma coligação se não houver retirada das tropas do território afegão. Depois disso, estão abertos a ofertas. Com certeza que Obama sabia que isto estava a acontecer. Expandir a guerra para o Paquistão desestabilizaria ainda mais este país. O é que isso poderia ajudar seja a quem for?



A política externa dos EUA na América Latina tem sido caracterizada por uma grande confusão. Sob discussão estão os planos para que se repita uma viagem como a de Nixon a Pequim, com uma visita de Obama a Havana. O problema aqui é que soaria um pouco vazio pregar as virtudes do capitalismo neoliberal depois do seu colapso no Ocidente.



Continuar a linha de Cheney para a Venezuela e a Bolívia, o Equador e o Paraguai, seria totalmente contraproducente, uma vez que aquilo que falhou até agora não iria resultar apenas por se ter uma cara mais humana no governo.



Desde o primeiro dia da vitória de Obama, que liberta uma onde de altas expectativas sobre problemas internos e globais, a pressão dos activistas será crucial para se atingir alguma coisa. Acho que os activistas anti-guerra deveria aparecer em grande número na sua tomada de posse com faixas a dizer: "Parabéns Barack! Agora, fora de Cabul e do Iraque!".



Historiador e romancista, Tariq Ali é um activista veterano dos movimentos sociais das décadas de 60 e 70. Os seus livros incluem títulos como The Duel: Pakistan on the Flight Path of American Power e Os Piratas das Caraíbas: o Eixo da Esperança.



Tradução Manuel Sá

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