Cronologia da Revolução Alemã 1917-1920

Nesta cronologia mostra-se a sequência dos acontecimentos mais marcantes a revolução alemã. Desde a cisão partidária devido ao apoio da social-democracia ao esforço de guerra nacionalista até ao final do processo revolucionário.

11 de janeiro 2019 - 15:23
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1917

6-8 de abril: Formação do USPD, Partido Social-Democrata Independente da Alemanha, uma cisão do SPD que se opôs ao apoio do partido ao esforço de guerra alemão. O grupo político do Rosa Luxemburgo e de Karl Liebknecht, que adotará o nome de Liga Espartaquista, participa com autonomia neste partido.

14 de abril: Governo alemão anuncia redução nas rações de pão.

15 de abril 200 mil grevistas na Alemanha.

7 de novembro/25 de Outubro: Revolução Russa.

22 de dezembro: Começo das negociações de paz entre Rússia e Alemanha em Brest Litovsk.

1918

14 de janeiro: Greves massivas na Áustria-Hungria.

28 de janeiro: Revolução na Finlândia – governo operário no poder.

Greve geral de seis dias na Alemanha junta mais de um milhão de trabalhadores. Revindicava-se a “conclusão rápida de uma paz sem anexação”, o levantamento do estado de sítio, a libertação dos prisioneiros políticos e a democratização das instituições.

15-17 de abril: Novas greves em Berlim.

1 de outubro: A Liga Espartaquista apela à revolução e à formação de “Conselhos Operários”.

3-4 de outubro: Príncipe Maximilian von Baden nomeado Chanceler; líderes do SPD, Partido Social-Democrata Alemão, entram no governo.

16 de outubro: mais de 5 mil manifestantes convocados pelo USDP em Berlim exigem a queda do governo.

25 de outubro: No Reichstag, o deputado da Liga Espartaquista Otto Rühle apela à “abdicação do imperador” e à “revolução socialista”.

27-31 de outubro: Em Kiel, os marinheiros de dois navios de guerra recusam-se a participar numa expedição militar. Na sequência da revolta, 400 marinheiros amotinados são presos.

30 de outubro: Governo social-democrata formado na Áustria depois de manifestações massivas.

31 de outubro: Início da revolução Húngara.

1-3 de novembro: Manifestações de marinheiros em Kiel pela libertação dos 400 marinheiros.

4 de novembro: Conselho de Trabalhadores e Soldados formado em Kiel congregando 20 mil revoltados. Criação de conselhos de operários e de soldados em Estugarda.

5 de novembro: Greve geral em Kiel.

6 de novembro: Greve geral em Hamburgo. Criação de conselhos de operários e de soldados em Hamburgo e em Bremen. A Liga Espartaquista, o USPD e o SPD exigem o armistício e a abdicação de Guilherme II.

7 a 9 de novembro: O levantamento revolucionário de trabalhadores, marinheiros e soldados espalha-se por toda a Alemanha. Criação de conselhos de operários e de soldados em Leipzig, Frankfurt, Dresden…

Primeiro, uma manifestação de 10 mil trabalhadores faz a monarquia Bávara cair. A República é proclamada em Munique por uma coligação SPD-USPD-Liga dos Camponeses e Kurt Eisner é eleito presidente do Conselho. Depois, na sequência de uma greve geral em Berlim, a República Alemã é proclamada por Philipp Scheidemann (SPD). Ebert (SPD) torna-se Chanceler.

Rosa Luxemburgo é libertada da prisão de Breslau. A Liga Espartaquista cria o diário Rote Fahne (Bandeira Vermelha).

10 de novembro: Formação do governo do governo do “Conselho dos Comissários do Povo” com três membros do SPD (Ebert, Scheidemann e Landsberg) e três do USPD (Haase, Dittmann e Barth). A Liga Espartaquista denuncia a continuidade com o regime precedente e recusa fazer parte deste conselho. Guilherme II foge para a Holanda.

11 de novembro: É assinado o armistício com os aliados.

12 de novembro: O Conselho dos Comissários do Povo anuncia a sua intenção de “implementar um programa socialista.” A República é proclamada na Áustria.

16 de novembro: A República é proclamada na Hungria.

18 de novembro: Num artigo na Rote Fahne, Rosa Luxemburgo exige o fim da pena de morte.

19 de novembro-17 de dezembro: Greves na Saxónia e no Ruhr.

25 de novembro: Conferência dos governos regionais. A maior parte apoia o Conselho dos Comissários e Ebert mas o presidente do Conselho de Brunswick, Auguste Merges (Liga Espartaquista), exige a transferência do poder para os Conselhos de Operários e Soldados.

28 de novembro: Em Berlim, cartazes apelam ao assassinato de Karl Liebknecht. Rosa Luxemburgo é objeto de ataques anti-semitas na imprensa de direita.

6 de dezembro: O Conselho dos Comissários do povo convoca eleições para uma assembleia constituinte para o dia 15 de fevereiro de 1919. Pela primeira vez na Alemanha as mulheres teriam o direito de voto.

16-21 de dezembro: Primeiro Congresso Nacional dos Conselhos de Trabalhadores e Soldados em Berlim. O SPD tem maioria absoluta. O congresso reconhece o Conselho de Comissários do Povo, exige medidas imediatas de socialização e adota a destituição de todos os oficiais do exército e a eleição de novos oficiais pelos soldados (esta medida não será aplicada).

23-25 de dezembro: “Natal sangrento”. Revolta da Divisão Naval do Povo (Volksmarinedivision). 3 000 marinheiros vindos de Kiel insurgem-se após a provocação do chanceler Friedrich Ebert que decide parar de lhes pagar o salário com objetivo de neutralizar o que considerava uma ameaça revolucionária. Os revoltosos prendem Otto Wels e tomam o palácio da Chancelaria no dia 23. A 24 o exército ataca a Divisão. 68 dos marinheiros são mortos. Os operários, alertados pelo barulho de armas de fogo, acorrem ao local e a tropa é derrotada.

27 de dezembro: Crise no Conselho dos Comissários: desacordo entre o SPD e o USPD sobre a política a seguir.

29 de dezembro: Demitem-se os três membros do USPD do Conselho de Comissários em desacordo particularmente com a repressão sangrenta das manifestações. São substituídos por três elementos do SPD.

Abertura do Congresso de fundação do Partido Comunista da Alemanha (KPD) a partir da Liga Espartaquista.

30 de dezembro: O congresso do KPD adota o programa proposto por Rosa Luxemburgo.

31 de dezembro: Contra a posição de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, o congresso pronuncia-se pelo boicote às eleições.

Fim de dezembro; Tropas dos Freikorps deslocam-se para Berlim. Os Freikorps eram forças paramilitares conservadoras constituídas a partir de ex-combatentes da I Guerra Mundial.

1919

1 de janeiro: Fim do Congresso do KPD. Eleição da coordenação central com 12 membros (entre os quais Kate Duncker, Hugo Eberlein, Paul Frolich, Leo Jogiches, Paul Levi, Karl Liebknecht, Rosa Luxemburgo).

4 de janeiro: O chefe da polícia de Berlim, Emil Eichhorn (USPD) é destituído pelo governo Ebert. Apelo unitário USPD/KPD para uma manifestação no dia seguinte contra esta destituição.

5/6 de janeiro: Forte manifestação em Berlim. Uma Comissão revolucionária é eleita, dirigida por Georg Ledebour (USPD) e Karl Liebknecht (KPD), tendo como finalidade substituir o Conselho dos Comissários. Apelo à greve geral.

6 de janeiro: Manifestações e combates em Berlim. Noske, ministro da Defesa do SPD, utiliza os Freikorps como aliados, atacando posições dos trabalhadores.

7 de janeiro: Greves em Hamburgo e Brunswick. O exército dispara contra manifestantes em Munique.

9 de janeiro: Combates em Berlim e Spandau. O exército atira sobre os manifestantes em Dresden.

10 de janeiro: O exército atira sobre manifestantes em Estugarda. Os dirigentes do KPD em Nuremberga são presos. Proclamação da República dos Conselhos em Bremen.

11 de janeiro: Georg Ledebour (USPD) e Ernest Meyer (KPD) são presos em Berlim. Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht entram na clandestinidade. Greve em Leipzig.

12-14 de janeiro: A última resistência dos trabalhadores é esmagada pelas tropas de Noske.

15 de janeiro: Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht são presos e de seguida assassinados pelos Freikorps sob ordem de Gustav Noske (SPD).

16 de janeiro: O jornal do KPD é interdito.

19 de janeiro: Eleições para a Assembleia Nacional. O KPD boicota as eleições. SPD-USPD conseguem 45% dos votos.

20 de janeiro: Os assassinatos de Rosa Luxemburgo e de Karl Liebknecht tornam-se conhecidos. Greves de protesto durante três dias. 8 dias de luto em Eisenach. Estado de sítio proclamado em Hamburgo.

24 de janeiro: A polícia dispara contra desempregados em Berlim.

29 de janeiro: Morte de Franz Mehring (KPD), biógrafo de Karl Marx.

6 de fevereiro: Assembleia Nacional reúne em Weimar.

11 de fevereiro: Ebert é eleito Presidente da República.

13 de fevereiro: Scheidemann forma o primeiro governo de coligação do SPD com o DDP (Partido Democrata Alemão) e o Partido do Centro (católicos).

17 de fevereiro: Greve geral no Ruhr.

21 de fevereiro: O primeiro ministro da Baviera, Eisner do USPD, é assassinado por um monárquico.

22 de fevereiro: O estado de sítio é proclamado em Munique.

26 de fevereiro: Greve geral em Leipzig até 10 de março.

1-3 de março: Combates em Halle: 55 mortos.

3 de março: Greve geral em Berlim. Os grevistas exigem o poder dos conselhos operários e a libertação dos prisioneiros políticos (entre os quais Ledebour - USPD). Proclamado o estado de sítio que vai durar até 5 de dezembro.

5 de março: Combates em Berlim.

2-6 de março: Congresso de Fundação da Internacional Comunista.

8 de março: A revolta de Berlim é esmagada pelo exército.

10 de março: Leo Jogiches (KPD) é preso e assassinado na prisão.

12-15 de março: repressão em Berlim: 1200 revolucionários são fuzilados.

31 de março: Greve geral no Ruhr até 28 de abril.

3 de abril: Greve em Breslau.

7 de abril: República dos Conselhos da Baviera declarada em Munique. O exército ataca a Baviera.

8-14 de abril: Segundo Congresso Nacional dos Conselhos de Trabalhadores e Soldados: maioria SPD; apoio à república parlamentar burguesa.

19 de abril: Renovação do Comité executivo dos Conselhos operários da Grande-Berlim: o USPD obtém 47%, o SPD 25%, o KPD 16%.

1-4 de maio: O exército retoma o controlo de Munique. Fim da República dos Conselhos de Munique. Os seus dirigentes são julgados e fuzilados.

6 de junho: Eugen Leviné, membro fundador do KPD, é fuzilado devido ao seu papel na República dos Conselhos de Munique.

27 de junho: Supressão do direito à greve para os trabalhadores ferroviários.

28 de junho: Tratado de Versalhes.

11 de agosto: Adoção da Constituição de Weimar.

18 de agosto: Greve dos metalúrgicos em Berlim.

20 de outubro: Congresso do KPD. A “esquerda”, anti-parlamentar e anti-sindical, é excluída; formará em 1920 o KAPD.

7 de novembro: Hugo Haase (USPD) é assassinado.

5 de dezembro: Fim do estado de sítio em Berlim.

12 de dezembro: A interdição do jornal do KPD é levantada.

1920

24 de fevereiro: Hitler apresenta o programa do NSDAP.

13-17 de março: Tentativa de golpe da extrema-direita chefiada por Kapp e Luettwitz e apoiado pelos Freikorps. Ebert e os ministros fogem de Berlim mas uma greve geral faz o golpe fracassar.

24 de março: Noske e o chefe do exército Reinhardt demitem-se.

6 de junho: Eleições para o Reichstag. O SPD desce de 37.9% para 21.6%, o USPD sobe de 7.6% para 18%. O KPD tem 2%.

julho: Segundo Congresso da Internacional Comunista.

Outubro: Congresso de Halle do USPD, a maioria decide juntar-se ao KPD como parte da Internacional Comunista. O partido cinde.

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