TTIP: Guardian denuncia conluio entre Bruxelas e empresas de combustíveis fósseis

26 de novembro 2015 - 23:17

Segundo escreve o The Guardian, documentos e emails obtidos pelo jornal britânico revelam que a UE terá dado à empresa petrolífera norte-americana Exxon Mobil acesso a documentos confidenciais que foram considerados demasiado sensíveis para serem revelados aos cidadãos europeus durante as negociações do Tratado Transatlântico.

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O The Guardian assinala ainda que foi pedido a uma associação de refinarias de petróleo um “contributo concreto” para o texto de um capítulo do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, nas suas siglas em inglês) sobre energia e que foram oferecidos à confederação de empregadores BusinessEurope "pontos de contacto" com os negociadores norte-americanos no Departamento de Estado e no Departamento de Energia.

A União Europeia (UE) procura incluir no TTIP a garantia de que os EUA vão permitir a exportação livre de óleo e gás para a Europa, o que tem vindo a alarmar os ambientalistas, que temem os impactos nefastos sobre os planos de gestão das alterações climáticas.

Segundo John Hilary, diretor da War on Want, os documentos a que o The Guardian teve acesso permitem “um vislumbre extraordinário do grau efetivo de conluio entre a Comissão Europeia e as corporações multinacionais que procuram usar o TTIP para aumentar as exportações dos EUA de combustíveis fósseis". "A comissão está a permitir que as principais empresas petrolíferas escrevam o capítulo do TTIP sobre a energia proposta”, denuncia.

A eurodeputada ecologista, Franziska Maria Keller, que se candidatou à sucessão de Durão Barroso, afirmou-se surpresa com o grau de cumplicidade entre Bruxelas e as empresas de combustíveis fósseis.

"Os documentos revelam uma proximidade chocante entre grupos de interesses empresariais e a Comissão", adiantou, sublinhando que, ao que parece, os projetos de textos da UE estão a ser escritos pelas grandes corporações, “que só têm lucros na sua mente”.

“A Comissão tem de deixar de ser o braço executivo do lobby empresarial", vincou.