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Trabalhadores dos estaleiros de Viana apelam à revolta contra “crime económico e social”

Após serem confrontados com a notícia, veiculada pelos media, de que o Estado, através da Empordef, irá despedir os 618 funcionários, os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) apelam à revolta “contra este crime económico e social que não é nada mais do que um ajuste de contas com a classe trabalhadora dos ENVC”. Bloco de Esquerda requer a audição do Ministro da Defesa Nacional, Aguiar Branco.
Foto de arquivo Arménio Belo/Lusa, 2011.

“Apelamos à intervenção do senhor presidente Cavaco Silva, que, infelizmente, tem sido conivente com todas as maldades que têm sido feitas aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, como também apelamos à revolta de todos os trabalhadores, e de toda a população vienense e de toda a população em Portugal, contra este crime económico e social que não é nada mais do que um ajuste de contas com a classe trabalhadora dos ENVC”, afirmou António Costa, porta voz da Comissão de Trabalhadores.

Os trabalhadores dos ENVC tiveram conhecimento deste despedimento através da comunicação social, o que consideram ser “um ato de cobardia”, tendo sido convocados para uma reunião em Lisboa, com o ministro da Defesa, que terá lugar durante a tarde desta quinta feira. Para sexta feira está agendado um plenário dos trabalhadores da empresa.

O ministério da Defesa, contactado pelo Diário Económico, adiantou que "obviamente que os trabalhadores terão que sair dos ENVC, uma vez que há um processo em curso no seio da Comissão Europeia e que obriga o Estado a devolver 180 milhões em ajudas de Estado ou a fechar a atividade da empresa. Depois o que acontece é que esses trabalhadores poderão vir a integrar a nova empresa".

A Martifer já informou que planeia criar 400 postos de trabalho nos próximos três anos, não tendo sido dada nenhuma garantia no que respeita aos trabalhadores que irão ser despedidos.

Estado gastará 30 milhões de euros com indemnizações

Durante uma conferência de imprensa improvisada à porta do Ministério da Defesa hoje à noite em Lisboa, o presidente da Câmara de Viana do Castelo afirmou que o processo dos ENVC "vai ficar nos anais da história como o processo de maior incompetência na gestão de um 'dossier' de reestruturação de uma empresa".

"O Estado vai gastar 30 milhões de euros nas indemnizações de um despedimento coletivo e vai receber da subconcessão 7,5 milhões", avançou José Maria Costa, sublinhando que estamos perante "um caso de polícia" e de "gestão danosa dos dinheiros públicos".

Segundo o comunicado enviado à Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM), a Martifer vai pagar 415 mil euros por ano pela subconcessão, que vigorará até 2031, sendo que o negócio inclui "única e exclusivamente" a utilização dos terrenos, edifícios, infraestruturas e alguns equipamentos afetos.

Bloco de Esquerda requer a audição do Ministro da Defesa Nacional

Sublinhando que "a situação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e o processo de privatização daquela unidade tem merecido por parte do Bloco de Esquerda uma forte oposição", a deputada Mariana Aiveca já veio requerer a audição do Ministro da Defesa Nacional, Aguiar Branco, que, tendo-se comprometido, ao longo de dois anos, "a defender os ENVC, tem agora o dever de prestar todos os esclarecimentos sobre tão ruinoso negócio para a economia nacional".

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