O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) anunciou um acordo sobre alguns temas que se arrastavam "há mais de dez anos" na mesa das negociações. Pressionado pelo cenário de caos previsível com a greve na recolha do lixo em semana de Santos Populares, a Câmara de Lisboa passou os últimos dias em negociações com os sindicatos e foi cedendo a algumas das reivindicações dos trabalhadores, que protestavam contra a falta de pessoal e amás concições laborais. "Mantemos a greve de 12 de junho, mas suspendemos o resto!", anuncia o site do STML.
Segundo o STML, António Costa comprometeu-se com a abertura de concurso para a entrada de 150 cantoneiros e 50 bombeiros sapadores, bem como o pagamento das horas extraordinárias aos trabalhadores da limpeza urbana, aos trabalhadores acidentados e o suplemento aos trabalhadores em período noturno, para além das férias acumuladas e não gozadas pelos trabalhadores que transitaram para as freguesias.
A Câmara comprometeu-se também a identificar outras carências de pessoal, meios e condições de trabalho dos trabalhadores do município, que serão objeto de novas negociações no dia 30 de junho. Para já, o Sindicato desconvoca a greve ao trabalho extraordinário entre 13 e 22 junho, assim como a paralisação dos trabalhadores da limpeza urbana da cidade no dia 14 de junho. Mantém-se apenas a paralisação da recolha do lixo na noite de quarta para quinta-feira e a greve dos funcionários camarários e das juntas de freguesia nesta quinta-feira, véspera de Santo António.
Contratações transitórias também dão polémica
A Associação de Combate à Precariedade reagiu ao anúncio da contratação de 125 cantoneiros a recibos verdes e outros 25 através dos Contratos Emprego-Inserção, por parte de António Costa. "É raro um autarca ou outro governante assumir tão claramente a prática de uma ilegalidade laboral flagrante, assumindo que irá contratar trabalhadores a falsos recibos verdes, falsos trabalhadores independentes para funções permanentes e desempregados com contratos de emprego-inserção", acusam os Precários Inflexíveis.
No caso destes desempregados, a legislação "determina expressamente que as actividades a desenvolver não podem corresponder ao preenchimento de postos de trabalho", prossegue o comunicado da associação, que conclui com a exigência ao presidente da Câmara de Lisboa que "cumpra a lei, contratando os seus trabalhadores com vínculos legais".