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Trabalhadores apresentam propostas para enfrentar crise no setor automóvel

Em entrevista ao esquerda.net, António Chora, coordenador da CT da Autoeuropa fala da crise no setor automóvel, do encontro que juntou 67 representantes dos trabalhadores de 24 empresas do setor e das propostas apresentadas nesse encontro.
Os trabalhadores propõem o lançamento na Europa de uma campanha de abate de carros e defendem uma real contratação coletiva, para defender e criar emprego e aumentar a produtividade das empresas – Autoeuropa, foto de Miguel A. Lopes/Lusa de 2/6/2010

O encontro de representantes dos trabalhadores realizou-se no passado dia 30 de maio. Estiveram presentes 67 representantes de trabalhadores de 24 empresas diferentes do setor automóvel, que vai desde a construção até ao pós-venda.

No encontro, foram apresentados contributos para enfrentar a crise do setor automóvel, que serão apresentados ao ministro da Economia.

Porquê este encontro agora?

Porque, neste momento, o setor está a atravessar uma crise que já não se sentia acerca de três anos, pelo menos. A última crise que atravessámos desta dimensão foi nos finais de 2008 princípios de 2009, e agora tentámos encontrar algumas soluções para a crise que se atravessa. Esta é uma crise muito diferente da anterior, é uma crise europeia e portanto terá que ter resposta muito própria, europeia.

Como é que se está a manifestar essa crise? Há despedimentos?

Há empresas que já estão a proceder a despedimentos, como se verificou já na Citroen, na PSA e noutras. Na Autoeuropa, não temos despedimentos, mas não temos tantas passagens para os quadros da empresa como gostaríamos e já temos mais dias de paragem este ano que nos dois últimos anos.

Surgiu uma notícia na semana passada de que se perderam 2.500 postos de trabalho no setor...

No último ano a nível nacional já se perderam muitos postos de trabalho – há quem fale em mais de 5.000 postos de trabalho. Essencialmente na área das vendas e do pós-venda. Há muito concessionário a fechar. Por um lado, não há dinheiro para levar os carros à reparação às oficinas de marca e as pessoas estão a fugir para a economia paralela. Por outro lado, não há vendas. A reparação está agregada ao setor das vendas e é aí que está o maior impacto desta crise, neste momento.

Mas o que vocês produzem na Autoeuropa não é para vender na Alemanha? É que a economia alemã não está em crise...

Na Autoeuropa, não estamos com grande problema. Continuamos a produzir 625 carros por dia, mais ou menos o que produzíamos no início do ano passado, o que não quer dizer que venhamos a vender mais carros do que vendemos no ano passado, porque estamos a parar mais dias. Até às férias, desde janeiro, vamos parar cerca de 11 dias. Vendemos 40 e poucos por cento para o mercado alemão, ele é o nosso maior cliente único, mas depois todos os outros fazem muito mais que isso - Inglaterra, Itália, França, e esses mercados estão todos a recuar com grande velocidade.

O que propõem?

Propomos o lançamento na Europa, novamente, de uma campanha de abate de carros com idade superior a 8/10 anos, com elevado consumos e altamente poluentes. Propomos que haja facilidade de financiamento ou financiamento mais barato, visto que neste momento os bancos ou não emprestam dinheiro ou quando emprestam é com juros muito elevados. Propomos essa facilidade de financiamento a juros aceitáveis para toda a Europa, ao nível dos que se praticam na Alemanha, para carros de menor consumo e de menor emissão de CO2. Teremos todos a ganhar, os trabalhadores terão mais emprego, a economia desenvolver-se-ia, melhor ambiente, que ficaria menos saturado com emissões de CO2.

Vão ter outras iniciativas?

Vamos hoje mesmo pedir uma audiência ao ministério da Economia, para apresentarmos a totalidade das nossas reivindicações. O senhor ministro da Economia também é ministro do Trabalho as nossas conclusões finais vão para além da proposta que já expliquei até à necessidade de haver contratação coletiva, do estímulo e incentivo à contratação coletiva como forma de aumentar salários, de garantir emprego, encontrando soluções para as baixas de produção, que são recursos ao despedimento. Pensamos que é necessário estimular uma contratação ativa que proteja todas estas coisas e que simultaneamente aumente a produtividade das empresas como forma de garantir o emprego e a criação de emprego, especialmente para os jovens.

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