Roubini: França não está melhor que a Grécia

20 de novembro 2010 - 12:58

Roubini traça cenário de pesadelo na evolução das dívidas soberanas na Europa, salientando que a socialização das perdas do sistema bancário privado provocou um enorme aumento da dívida pública. Para o economista, Portugal será o próximo, mas o grande problema é a Espanha.

PARTILHAR
Nouriel Roubini - Foto da wikimedia

Em entrevista ao canal CNBC, Nouriel Roubini aborda a crise das dívidas soberanas e afirma: “Decidimos socializar as perdas do sistema bancário privado. Agora temos um enorme aumento da dívida pública – a passar de 7% para 100% do PIB. Em breve representará 120%”.

Para o economista norte-americano, as intervenções da União Europeia e do FMI só têm aumentado a magnitude dos problemas. “Agora temos um punhado de super-soberanos – FMI, UE e Zona Euro – a resgatar estas dívidas soberanas”, diz, realçando que a certa altura isso não vai ser possível e comenta ironicamente: “Não vai haver ninguém a vir de Marte ou da Lua para resgatar o FMI ou a Zona Euro”.

O professor da Universidade de Nova Iorque refere que a crise das dívidas soberanas está a evoluir em dominó, que a intervenção super-soberana leva ao aumento da escala e à concentração dos problemas e sublinha:

“A determinada altura é preciso reestruturar. A determinada altura, os credores da banca terão de parar – caso contrário, coloca-se toda esta dívida no balanço do governo. E então mete-se o governo em apuros – e fica insolvente”.

A propósito dessa evolução, Roubini refere que a França “não está muito melhor do que a periferia” e, lembrando a contestação massiva nas ruas ao aumento da idade da reforma, questiona o que acontecerá quando Sarkozy tomar medidas mais radicais de austeridade.

Nouriel Roubini diz ainda que o próximo alvo da crise da dívida soberana é Portugal: “Portugal vai ser o próximo. Devido aos graves problemas da dívida pública, Portugal vai perder o acesso ao mercado – e isso significa que também irá pedir ajuda ao FMI”.

Mas para o economista o grande problema coloca-se em relação à Espanha, “o elefante na sala”, que é “demasiado grande para falir, mas também é demasiado grande para ser resgatada”.