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“Quem votou no Bloco de Esquerda sabe que o seu voto foi útil”

Numa entrevista à CMTV, na noite desta quinta-feira, Catarina Martins respondeu à questão da utilidade do voto nas próximas eleições. E explicou as propostas do Bloco para a Segurança Social.
“Quem nestas férias recebeu subsídio de férias sabe que o Bloco de Esquerda fez aquilo com que se tinha comprometido e fez diferença na vida das pessoas”

A uma pergunta do pivot da CMTV, José Carlos Castro, sobre se os eleitores à esquerda do PS não terão dúvidas se o seu voto não será mais útil no PS, Catarina Martins recordou que também houve muita gente que estava farta dos governos do Partido Socialista e votou no PSD porque acreditou nas suas promessas de que não tocaria no 13º salário nem no subsídio de férias. “Essas pessoas não sentirão que o seu voto foi inútil? E quem votou no PSD porque prometeu que não faria mais ajustes diretos nem daria jobs for the boys e depois a direita fez 75% das nomeações a militantes do partido, ou mais ajustes diretos que o PS, essa pessoa não terá sentido que o seu voto foi inútil?”

Por outro lado, argumentou a porta-voz do Bloco de Esquerda, “aqueles que votaram no Bloco de Esquerda e depois viram que foi o primeiro partido na Assembleia da República a ir ao Tribunal Constitucional quando era preciso dar o passo essencial para travar um governo que tinha Orçamentos inconstitucionais, quem votou no Bloco de Esquerda sabe que o seu voto foi útil”.

E insistiu: “quem nestas férias recebeu subsídio de férias sabe que o Bloco de Esquerda fez aquilo com que se tinha comprometido e fez diferença na vida das pessoas”.

Governar para quê?

Perguntada se este PS poderia ter um acordo com o Bloco de Esquerda, Catarina Martins respondeu que o seu partido tem toda a disponibilidade e tem toda a vontade de governar. “O problema é governar para quê. O PS diz que o mercado de trabalho é rígido e é preciso tornar os despedimentos mais fáceis. Teria algum sentido o Bloco de Esquerda ir para um governo tornar mais fáceis os despedimentos? Não teria nenhum sentido”.

A candidata do Bloco de Esquerda recordou que o Bloco de Esquerda nunca falhou e nunca falhará quando é preciso fazer união para fazer a diferença na vida das pessoas. “E portanto as pessoas sabem que o voto no Bloco de Esquerda é aquele que mais contribui para que sejam possíveis soluções à esquerda – soluções que respeitam quem trabalha, quem trabalhou toda a vida, para que o nosso país não deve ser um país subserviente lá fora”. E rematou: “Nós achamos que é muito importante trabalhar unidos no que é essencial mas que nunca se vendam as convicções por qualquer lugar”.

Propostas da direita e do PS diminuem as contribuições para a Segurança Social atual

Instada a esclarecer a questão das pensões e da sustentabilidade da Segurança Social, Catarina Martins afirmou que sendo diferentes as ideias da direita e do PS têm dois problemas: “o primeiro é que ambas diminuem as contribuições para a Segurança Social atual – e por isso põem em causa o pagamento das pensões”. Por outro lado, explicou a candidata do Bloco, o que fazem é promover uma privatização do sistema de pensões. No caso da proposta da direita, as pessoas de maiores rendimentos deixam de contribuir em grande parte para a Segurança Social, e privatiza-se uma parte das pensões em fundos privados que investem na Bolsa. “Isto é muito perigoso. Para as pessoas terem uma ideia: se as pensões tivessem agora em bolsas privadas, com as oscilações que tivemos nos últimos tempos das bolsas com o que as bolsas perderam na crise financeira, uma pensão que valia 500 euros antes da crise financeira agora valeria 300”.

Emitir dívida pública para pagar a transição

Mas o problema maior, esclareceu a porta-voz do Bloco, é que “se as gerações que estão a trabalhar agora deixarem de descontar para a Segurança Social, que paga agora as pensões, estão a pôr em causa o próprio pagamento. E qual é a ideia disto? É que é preciso emitir dívida pública, ou seja endividar um país que já está endividado para fazer esse período de transição quando há pessoas que deixam de descontar para a Segurança Social”.

O resultado disto é que “temos uma crise financeira tão grande, mas contrai-se mais dívida pública para alterar o sistema de pensões, e com isso afundarmos mais o país”.

Catarina Martins recordou ainda os países “onde já foi usado este sistema das pensões privadas, mas quando chegou a altura de pagar, as pensões eram tão baixas que o Estado foi chamado, como por exemplo o Chile. Ou seja, a experiência internacional é que o Estado acaba sempre por pagar muitas vezes, e ficamos todos pior”.

Propostas do Bloco

O problema da sustentabilidade não é de curto prazo, “porque os estudos indicam que o sistema das pensões é sustentável até 2060”.

“Nós o que defendemos no Bloco de Esquerda é manter um sistema público intergeracional, solidário, mas atualizá-lo para o modo de produção do século XXI. E com isso, poder chamar a contribuir as empresas que criam muito valor com pouca mão de obra”. Pelas contas do Bloco, uma taxa sobre o valor acrescentado das grandes empresas (deixando as PMEs de fora) de 0,75%, em quatro anos aumentava a contribuição para a Segurança Social em mais de 1.200 milhões de euros. “Há um bom caminho que se pode ir fazendo, de uma forma segura”, concluiu.

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