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PSP reprime protesto de estudantes em Braga

O protesto contra a agregação da Escola Secundária Alberto Sampaio num mega-agrupamento acabou com a PSP lançar gás pimenta sobre os estudantes. A repressão feriu seis estudantes, três dos quais receberam assistência hospitalar. O Bloco de Esquerda vai questionar o Governo sobre esta ação policial "absolutamente intolerável".
A polícia agrediu e lançou gás pimenta sobre os estudantes e mandou tirar os cadeados do portão da escola. Foto netrace/Flickr

Na quinta-feira, o Ministério da Educação anunciou a agregação da Escola Secundária Alberto Sampaio com o agrupamento de Nogueira, com o novo mega-agrupamento a abranger 3500 alunos. O Conselho Municipal de Educação já tinha declarado a sua "frontal oposição" à criação de mega-agrupamentos no concelho de Braga. Na reunião realizada no final de dezembro, a Federação das Associações de Pais do Concelho de Braga ameaçou avançar para tribunal para contestar a intenção de Nuno Crato.

Esta sexta-feira, os alunos fecharam os portões da escola a cadeado e colocaram faixas pretas nas grades. O surgimento da patrulha da Escola Segura não fazia prever as cenas de violência que se seguiriam com a chegada de mais agentes da PSP. "Atiraram com gás pimenta para cima dos alunos, uns ficaram com os olhos inchados, outros com a boca a arder, houve agressões, não entendemos tanta violência quando a situação poderia ser resolvida com uma conversa", disse Pedro Martins, presidente da Associação de Estudantes, em declarações ao Jornal de Notícias.

Um dos alunos acabou por ser hospitalizado devido às lesões provocadas pelo gás lançado pelos agentes policiais aos alunos, muitos deles do 7º ano. Depois da violenta intervenção policial, os cadeados foram retirados pelos bombeiros, os portões abriram-se, mas os alunos recusaram-se a entrar na escola, prosseguindo o protesto.

Para o representante dos pais dos alunos no concelho de Braga, a criação de mega-agrupamentos no concelho é uma medida "puramente economicista", que "só tem como objetivo o corte na despesa da Educação" e que "até contraria" uma recomendação do Conselho Nacional de Educação, que pede "um inequívoco reforço da concentração das atividades de gestão pedagógica nas escolas, o mais perto possível dos alunos, aplicando um projeto educativo próprio".

"Será que isto se consegue criando mega-agrupamentos com 3000 ou mesmo 3500 alunos, com escolas que distam mais de 14 quilómetros da sede? Claro que não se consegue", acrescentou José Lopes, citado pela Lusa no fim da reunião de dezembro do Conselho Municipal de Educação de Braga.

Bloco vai questionar Governo sobre ação policial "absolutamente intolerável"

Em comunicado, o Bloco de Esquerda anunciou que irá questionar o ministro da Administração Interna sobre a atuação da PSP de Braga na manhã de sexta-feira. "O Bloco considera que esta atuação da PSP contra estudantes com idades entre os 12 e os 15 anos é absolutamente intolerável", diz a nota de imprensa que apelida ainda a ação policial como "despropositada e desproporcional". 

 "O Bloco entregará no Parlamento uma pergunta por escrito ao Governo, dirigida ao ministro da Administração Interna, com a exigência de explicações sobre esta atuação da PSP em Braga e de apuramento de responsabilidades", conclui o comunicado em que os bloquists condenam a violência policial junto à Escola Secundária Alberto Sampaio.

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