No documento hoje apresentado, o Governo reviu em baixa as projecções económicas para o próximo ano, traçadas há menos de dois mesesno Documento de Estratégia Orçamental. Se, a 30 de Agosto, o Governo previa que a economia diminuísse 1,8% no próximo ano, com as novas medidas de austeridade, a previsão agora é de uma diminuição de 2,8%. O desemprego também aumenta, dos 12,5%, para 13,4%.
Mas mesmo estes indicadores, que representam o pior período da economia nacional desde 1975, ficam aquém do esperado, revelando-se demasiadamente optimistas. Só a suspensão dos subsídios de férias e Natal dos funcionários públicos e pensionistas representa 1,7% do produto, fazendo-se sentir através da diminuição do consumo. Segundo Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, o efeito recessivo destas medidas não foi correctamente incorporado pelo Governo nas suas previsões e a recessão deverá ficar “pelo menos nos quatro por cento”.
"Isto é o resultado de escolhas políticas. O Governo prefere não taxar os mais ricos, prefere taxar quem trabalha e ao fazê-lo está a levar a cabo um corte brutal nos rendimentos das famílias, que são quem tem mantido a economia em funcionamento", defendeu. Temendo que o corte dos subsídios de férias e do Natal se tornem em medidas permanentes, ou sejam as medidas estruturais necessárias para combater o défice de que falou o ministro das Finanças, Pedro Filipe Soares lembrou que “de medida extraordinária em medida extraordinária, corta-se nos salários e perdem-se direitos permanentes".
O deputado do Bloco de Esquerda salientou, de seguida, a importância do sucesso da greve geral, considerando que “tudo isto merece uma resposta frontal e veemente dos portugueses numa greve geral que já está marcada, que nós saudamos e que é necessário que seja forte para dizer ao Governo que os portugueses não aceitam mais uma austeridade que leva o país mais fundo no abismo”.