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Polícia de choque chamada para tentar quebrar luta dos estivadores

As empresas de trabalho portuário, com a conivência do Governo, organizaram um autocarro protegido pela polícia para substituir os trabalhadores em protesto. Deputados bloquistas estiveram com os estivadores do Porto de Setúbal em luta contra a precariedade e pela defesa dos seus postos de trabalho.
Foto de Rui Minderico, Lusa.

O esquerda.net acompanhou em direto a partir do Porto de Setúbal a luta dos estivadores contra a precariedade, que teve o apoio ativo dos deputados bloquistas José Soeiro, Heitor de Sousa, Sandra Cunha e Ernesto Ferraz.

Mais de uma centena de estivadores protestaram na manhã desta quinta-feira contra o carregamento de um navio com 2.000 viaturas da fábrica da Autoeuropa, mediante o recurso a um autocarro de trabalhadores que ninguém sabe de onde vêm.

No local foi montado um forte dispositivo policial, com pelo menos dezenas de elementos na Unidade Especial de Polícia e da brigada de intervenção rápida da PSP, que retirou os trabalhadores que se sentaram pacificamente junto à entrada do Porto para impedir a passagem do autocarro.

“Este é um dia triste para a democracia portuguesa”

António Mariano, presidente do SEAL - Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística, afirmou que “este é um dia triste para a democracia portuguesa”, com esta “intervenção musculada” em que o Governo “se põe ao lado dos criminosos, porque é disso que se trata”.

O dirigente sindical lembrou que na origem da greve dos estivadores “está uma violação de um direito tão elementar que está previsto na Constituição da República Portuguesa que é possibilidade de filiação num sindicato”.

Nos últimos dias, nas últimas semanas o foco foi colocado aqui, na Autoeuropa, foi criado um caso e feita esta encenação, que culminou hoje. Ontem soubemos pelos próprios exportadores que esta manobra tem o apoio e a intervenção do Governo”, avançou António Mariano.

O representante do SEAL lembrou que o Porto de Setúbal não tem solução porque a empresa comandada desde Istambul assim o deseja e que a Ministra do Mar se coloca ao lado deles. É preciso, de acordo com António Mariano, pedir responsabilidades ao Governo pelo que se está a passar no Porto de Setúbal.

O que está a acontecer é absolutamente indefensável e inacreditável”

Para José Soeiro, “o que está a acontecer é absolutamente indefensável e inacreditável”.

“Basicamente, de um lado temos trabalhadores precários que estão a defender o seu posto de trabalho e, de outro, uma manobra, que tem claramente a cumplicidade do Governo, para os fazer substituir por trabalhadores que ninguém sabe quem são, que licenças têm, que competências têm, que não se sabe sequer se são estivadores, e que vêm ocupar o posto de trabalho destes precários que estão a lutar por uma coisa mais do justa e digna, que é terem direito a ter um contrato de trabalho e não trabalhar à jorna, que devia ser coisa do passado”, afirmou o deputado bloquista.

José Soeiro sublinhou ainda que o aparato policial que se verificou esta quinta-feira, pôr a polícia a fazer cordão contra os trabalhadores e trazer autocarros com trabalhadores que ninguém sabe de onde vêm não é uma solução viável, seja do ponto de vista democrático como económico, até porque a Autoeuropa vai continuar a produzir veículos.

O dirigente do Bloco de Esquerda acusou as empresas de trabalho portuário, com a conivência do Governo, de tentarem quebrar a luta dos trabalhadores.

“O Governo que, ora diz que é preciso lutar contra a precariedade, tomou o lado das empresas que vivem do trabalho à jorna” e encetou uma “manobra de legalidade muito duvidosa” que passa por pôr “trabalhadores que ninguém sabe de onde vêm e que competências têm a trabalhar dentro de um porto nacional”, vincou José Soeiro.

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