Polícia despejou ocupantes da escola do Alto da Fontinha

10 de maio 2011 - 13:04

Sete elementos do movimento ES.COL.A do Alto da Fontinha, no Porto, que ocupavam o estabelecimento de ensino há cerca de um mês, foram despejados e detidos pela polícia. O grupo recuperou o edifício e já tinha em curso um projecto educativo. Bloco condena acção de despejo por parte da autarquia.

PARTILHAR
A antiga escola primária da Fontinha foi ocupada por um grupo de pessoas que a queria “devolver à comunidade”, acrescentou Luís, que especificou que este movimento “já pintou a escola e estucou paredes”. Foto escoladafontinha.blogspot.com.

“Cerca de 20 agentes da polícia chegaram à escola cerca das 7h30 com o objectivo de retirar do edifício as pessoas que estavam a ocupar aquela escola”, afirmou Luís, voluntário do movimento ES.COL.A do Alto da Fontinha, no Porto, citado pela Lusa.

Segundo referiu, a escola encontra-se desactivada há cerca de cinco anos e o ES.COL.A – espaço colectivo autogestionado do Alto da Fontinha - estava a recuperar o edifício para desenvolver um projecto educativo para as crianças do bairro.

“Terá havido uma situação de resistência por parte de um dos ocupantes, mas foi pacífico”, disse, acrescentando que a polícia “não exerceu violência”. A mesma fonte acrescentou que a polícia “fechou a rua da Fábrica Social”, impedindo o acesso ao local.

Em nota enviada por mail à Lusa, o movimento acrescentou que, entretanto, o edifício está já a ser emparedado e “os detidos foram conduzidos à esquadra de Campo Lindo”.

A antiga escola primária da Fontinha foi ocupada por um grupo de pessoas que a queria “devolver à comunidade”, acrescentou Luís, que especificou que este movimento “já pintou a escola e estucou paredes”.

No início desta semana, sustentou, “começou o projecto educativo, dando-se aulas de inglês, geografia e história a crianças do bairro”, bem como se desenvolveu um conjunto de actividades como “xadrez, guitarra e ioga”.

Indignados com a actuação policial e com o despejo do movimento ES.COL.A do Alto da Fontinha, os moradores da Rua da Fábrica Social solidarizaram-se com o grupo de "ocupas" e manifestaram-se contra a ordem camarária. 

Bloco condena acção de despejo por parte da autarquia

Esta manhã o deputado do Bloco José Soeiro esteve na Escola da Fontinha, solidário com a população. Soeiro condena a acção do executivo da Câmara Municipal do Porto e a ausência de preocupação e diálogo com os dinamizadores do projecto e com a população e exige que a Escola da Fontinha seja devolvida àquela comunidade.

Em comunicado de imprensa, o Bloco refere os cinco anos de degradação da escola “sem que a autarquia fizesse o que quer que fosse por aquele espaço”.

Nada justifica a acção da autarquia, defende o Bloco, lembrando os “edifícios a ruir, as ruas de casas devolutas, o abandono de largas partes da cidade do Porto” - “No momento em que um grupo de pessoas age, sem apoios públicos ou privados, e ergue um edifício abandonado no coração da cidade, recuperando o espaço público e criando um equipamento social que serve a comunidade, Rui Rio destrói”.