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Palestina: Acordo Hamas-Fatah decide formar governo de unidade

Governo de unidade será formado em cinco semanas e haverá eleições em seis meses. "A boa notícia que temos para o nosso povo é que a era de divisão acabou", afirmou Ismail Haniyeh, do Hamas. Israel reage com fúria e os Estados Unidos dizem-se dececionados.
Ilustração de Latuff
Acordo de unidade palestinianan enfureceu Israel. Ilustração de Latuff

As duas principais fações palestinianas – o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e a Fatah, que administra a Cisjordânia – anunciaram, nesta quarta-feira, um acordo de conciliação, sete anos depois do rompimento que provocou a cisão na administração dos territórios ocupados por Israel.

O pacto determinou a formação de um gabinete provisório, único, e a convocação de eleições para daqui a seis meses.

“Os dois rivais chegaram a acordo durante a segunda sessão de diálogo para imediatamente dar início à formação de um governo de unidade”, esclareceu Mustafa Barghouti, da Iniciativa Nacional Palestina, que participou nas negociações como parte da delegação dirigida pela Fatah.

“Também ficou decidido estabelecer uma data para as eleições legislativas e presidenciais”, acrescentou.

"A boa notícia que temos para o nosso povo é que a era de divisão acabou", afirmou o primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniyeh, na sua casa no campo de refugiados de Shati, na Faixa de Gaza, numa conferência de imprensa que contou com a presença de líderes da Fatah.

Em 2011, um acordo semelhante, mediado pelo Egito, chegou a ser anunciado, mas nunca deixou o papel.

"A boa notícia que temos para o nosso povo é que a era de divisão acabou", afirmou o primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniyeh.

Israel cancela reunião

O atual entendimento foi firmado num momento em que as frágeis negociações entre a Autoridade Palestiniana e Israel – mediadas pelos EUA – se aproximam do prazo final, marcado para o dia 29.

Israel respondeu ao anúncio cancelando a reunião do diálogo com os palestinianos que ocorreria nesta quarta à noite.

Antes do anúncio de Haniyeh, o primeiro-ministro israelita, Binyamin Netanyahu, acusou o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, de sabotar as negociações ao buscar a reaproximação com o movimento islâmico que controla Gaza. "Em vez de se mover na direção da paz com Israel, ele (Abbas) está a ir na direção da paz com o Hamas. Ele tem de escolher. Ele quer paz com Hamas ou paz com Israel? Não se pode ter as duas coisas."

"Não há nenhuma contradição entre a unidade (palestiniana) e as negociações (com Israel) e estamos comprometidos em estabelecer uma paz justa, com base numa solução de dois Estados", declarou Abbas.

O governo dos EUA mostrou-se dececionado com o acordo de união. "O momento é atribulado e estamos certamente dececionados com o anúncio", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki. "Isso poderia complicar seriamente os nossos esforços – não apenas os nossos, mas os das partes – para estender as suas negociações."

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