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Moedas contradiz-se sobre a dívida na Universidade de Verão do PSD
“As dívidas têm que ser todas pagas, os países têm que pagar as dívidas e é importantíssimo que isso fique claro, que o esforço que os portugueses estão a fazer é para termos essa credibilidade”, disse o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro esta terça-feira em Castelo de Vide, citado pela agência Lusa. Falando para uma plateia de militantes que assistiram à Universidade de Verão do PSD, Carlos Moedas reforçou o argumento, defendendo que "daí depende a nossa credibilidade para o futuro para que o país, no futuro, possa ter acesso aos mercados”.
Moedas respondia a uma questão sobre as declarações de José Sócrates em 2011, após a derrota eleitoral, quando disse a estudantes em Paris que "pagar a dívida é uma ideia de criança". Mas o próprio Carlos Moedas já tinha defendido o mesmo um ano antes de Sócrates, ao estrear-se no blogue 31 da Armada com um texto intitulado "Será que a dívida nos vai matar ou nós é que vamos matar a dívida?".
Quando Carlos Moedas escreveu esse artigo, em maio de 2010, a dívida pública estava a crescer de 89% do PIB português, em 2009, para 93% no fim de 2010. E o atual negociador português com os técnicos da troika defendia então que "só nos resta (a nós e a outros) o possível caminho da reestruturação da dívida. Ou seja, ir falar com os nossos credores e dizer-lhes que dos 100 que nos emprestaram já só vão receber 70 ou 80".
"Se mantivermos os níveis actuais de dívida, dificilmente conseguiremos crescer a níveis aceitáveis… e se não crescermos morremos", avisava Carlos Moedas em 2010. Mas desde que chegou ao Governo, logo no ano seguinte, os níveis da dívida pública portuguesa dispararam para os 130% do PIB e as medidas de austeridade que já defendia em 2010 como "necessária e urgente" comprometeram ainda mais a capacidade da economia crescer. E a recessão em que o país mergulhou com a receita da troika, negociada e aplicada em primeira mão por Moedas nas sucessivas "avaliações" trimestrais, não parece ajudar à "credibilidade" junto dos credores, tão elogiada pelo governante em Castelo de Vide.
Os participantes da Universidade de Verão ficaram sem saber o que fez Carlos Moedas mudar de posição em dois anos sobre a dívida, para além de ter passado a integrar um governo que se serve dela como argumento para impor uma agenda política de privatizações, descida de salários e desmantelamento dos serviços públicos, tudo em linha com a troika. Mas a pergunta que dava o título ao seu artigo de 2010 mantém-se em 2013 mais atual que nunca.
Comentários
Eu só gostaria da saber, o
Eu só gostaria da saber, o que fez este senhor mudar de ideias .É lamentável mas é verdade, não temos políticos a altura no pais; devem pensar que nós os portugueses somos um cambada de idiotas.
Mas não somos nem nunca fomos. Ao contrário dos nossos políticos , somos boas pessoas; é isso que faz com estes senhores gozem com os portugueses.
MAS UM DIA VAI SER DIA, SÓ ESPERO QUE NÃO SEJA TARDE.
TENHO MUITO FÉ, NO NOSSO POVO.
Voçê pode ter fé no nosso
Voçê pode ter fé no nosso povo, mas isso é ateu-religioso, o que é um interessante mas indiferente aqui. O que é preciso é ter certezas, e essas constroem-se com mto trabalho e determinação: elucidação, e consciencia social. Deve ser mais fácil com tantos desempregados, que com fé ateia, nao se vai lá.
Sócrates não disse que pagar
Sócrates não disse que pagar a dívida era uma ideia de criança.
O que ele estava a dizer era que a dívida tem de ser gerida e não paga toda. Os países, pelo menos teoricamente, são eternos e portanto podem renovar dívidas sem problemas. Não devem é perder o controlo do endividamento.
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