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Marcha do Orgulho LGBT combate discriminação em tempo de crise

Milhares de pessoas voltaram a manifestar-se em Lisboa num ambiente de festa para alertar que em tempo de crise é mais importante defender os direitos, a igualdade e combater a discriminação com base na orientação sexual.
Fim da Marcha na Praça da Figueira. Foto paulete Matos.

A décima terceira edição da Marcha  do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros) voltou a encher de música e cores a baixa de Lisboa. Mais de cinco mil pessoas, entre as quais a deputada bloquista Catarina Martins, responderam ao apelo de várias associações para alertar que "num contexto de crise, a discriminação tem mais oportunidades para se manifestar".

Ana Cristina Santos, da Associação Não Te Prives, disse à agência Lusa que há “grupos que são afetados de forma mais gravosa por esta crise” e deu como exemplo os jovens para quem o corte nos apoios ao arrendamento e à aquisição de casa significa adiar a saída de casa dos pais. “Com esse adiamento, as questões relacionadas com a autonomia sexual e íntima ficam comprometidas, as pessoas vão sair do armário mais tarde”, sublinhou Ana Cristina Santos. A Marcha LGBT de Lisboa atraiu muitos jovens na tarde de sábado. E a Associação de Estudantes do ISCTE marcou presença com uma faixa a reivindicar "uma universidade sem homo/transfobia".

A ativista da Não Te Prives destacou os "avanços notáveis" conseguidos nos últimos anos ao nível legislativo, como a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a lei da identidade de género, o reconhecimento do crime de violência doméstica entre parceiros do mesmo sexo ou a proibição da discriminação com base na orientação sexual. Mas acrescenta que ainda há muito por fazer: “Continua a haver redutos de homofobia em várias destas esferas, inclusivamente na lei. A questão da parentalidade é a mais óbvia, mas esses redutos não se esgotam na lei. Continuam a reproduzir–se muitos estereótipos, muita exclusão, muita desigualdade”, conclui a ativista.

No Manifesto da Marcha pode ler-se a reivindicação do direito a uma lei que reconheça as famílias que já existem: "É inadmissível que um filho ou filha fique sem ligação a uma das partes da família nuclear, como é o caso dos casais de pessoas do mesmo sexo com um pai legalmente incógnito ou por ocasião da morte da mãe biológica.". O Manifesto defende ainda que a lei deixe de restringir o acesso à parentalidade com base em critérios baseados no preconceito, tal como o acesso à candidatura à adoção e à procriação medicamente assistida. "A atual lei ao impedi-lo mais não faz do que perpetuar a discriminação com base na orientação sexual dificultando ou impedindo a procriação para muitas pessoas", defendem as organizações promotoras, onde se incluem a APF, AMPLOS, ATTAC, Clube Safo, GAIA, GAT, Grupo Transexual Portugal, ILGA Portugal, Janela Indiscreta, Médicos Pela Escolha, não te prives, Opus Gay, Panteras Rosa, PolyPortugal, Precários Inflexíveis, rede ex aequo, Rumos Novos, Solidariedade Imigrante, SOS Racismo, UGT e UMAR.

Fotogaleria de Paulete Matos:

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