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Louçã em Atenas: "A vossa luta é o orgulho do movimento popular europeu"

O dirigente bloquista está presente no comício da Syriza em Atenas, com uma mensagem de solidariedade e apoio à formação de um governo de esquerda para romper com a troika que arrasou a economia grega.
Tsipras e Louçã no fim do comício que juntou cem mil pessoas no centro de Atenas.

Francisco Louçã representa o Bloco de Esquerda no comício que marca a recta final da campanha da Syriza e que se prevê ser o maior da história da coligação. Nos últimos dias, a Syriza tem organizado dezenas de sessões públicas diárias em várias praças e bairros da capital grega, com a população a dirigir-se aos candidatos para esclarecer aspetos do programa e da formação de governo em caso de vitória no próximo domingo. Nestas sessões participaram também dirigentes do Bloco como Marisa Matias, Alda Sousa, Jorge Costa e José Soeiro.
 


Mensagem de Francisco Louçã:

Camaradas,

Dentro de três dias, o povo grego terá o privilégio de decidir por si e pela Europa como um todo. Atenas é agora a capital da Europa. Por um momento, deixa de ser apenas em Berlim que as decisões são tomadas; já não é nos quartéis-generais dos bancos que as escolhas estratégicas são feitas; cabe-vos a vocês, à democracia, ao povo, decidir se a Europa vence ou perece contra os panzers financeiros da sra. Merkel, contra a irresponsabilidade e o fanatismo.

Quando a Espanha colapsou, já ninguém diz que o problema é da periferia: toda a Europa está sob ameaça. E a resposta da Europa é a voz do povo grego. A Grécia e a Syriza estão agora na primeira linha do combate popular e socialista contra a barbárie financeira.

O Governo alemão, a Comissão Europeia, o FMI, os fundos especulativos, os traficantes de armas e os interesses que protegem a corrupção e o roubo, todos eles criaram uma aliança para fazer da Grécia um exemplo para a Europa: o exemplo da destruição da escola pública e do sistema nacional de saúde, o exemplo da submissão da juventude e a domesticação dos sindicatos, o exemplo das reduções de salários e pensões, o exemplo da privatização dos bens comuns. A Grécia estaria condenada a transformar-se num deserto democrático e num oásis de exploração.

Esta aliança dos bandidos capitalistas agiu unida para proteger os seus interesses. O sistema financeiro foi resgatado nos EUA com uma taxa de juro 400 vezes inferior à que está a ser paga pela Grécia. O BCE demorou dois dias para encher os cofres dos bancos europeus com mais do dobro do dinheiro usado para todos os planos de resgate à Grécia, Irlanda e Portugal todos juntos. A troika e o seu Memorando, em cada um destes países, estão a encobrir uma enorme operação de salvamento dos bancos alemães franceses, os maiores na história das economias modernas.

Como um só, eles ergueram-se pela austeridade. Eles são poderosos e ameaçadores. Eles têm o apoio de todos os partidos da direita, do PASOK e seus aliados, da elite financeira que tem governado a Grécia por décadas através do rotativismo dos dois partidos. Eles são os carrascos da Europa, os que entregam o euro à especulação e os orçamentos às florestas de privilégios e rendas. Eles cobram impostos e aniquilam os serviços públicos; eles reduzem salários e impõem o desemprego. Eles têm tudo e querem tudo.

Mas a Grécia não desistiu. Pelo contrário, a vossa luta tornou-se o orgulho do movimento popular na Europa. A Democracia na Grécia tornou-se a voz da Europa.

É por isso que apoiamos a vossa tenacidade e luta por um governo unitário da esquerda capaz de rejeitar o Memorando e defender o povo grego contra a bancarrota e a Europa contra a queda do Euro. Vocês provaram que uma esquerda com valores, uma esquerda socialista comprometida com a defesa do povo, pode vencer e merece vencer, uma vez que não há outra alternativa para as pessoas.

Com a vitória da Syriza, um governo popular será capaz de rejeitar a chantagem e cancelar a dívida ilegítima, repor salários e pensões, defender os serviços públicos na educação e na saúde, e avançar com um programa para o emprego.

O FMI quer recessão, vocês querem emprego; o FMI quer privatização, vocês defendem os direitos sociais; o FMI protege os banqueiros e os financeiros, vocês defendem as pessoas. A esquerda é isto: é o povo contra o abuso e a exploração. Um governo de esquerda na Grécia, rompendo com o diktat da troika, será o ponto de viragem mais importante na Europa. Hoje é o dia da Grécia se levantar para enfrentar Merkel, o BCE e o FMI.

Caros camaradas, em Berlim e Paris, em Istambul e Lisboa, em Madrid e Roma, vocês são ouvidos e muitos repetem convosco: é o momento de estarmos todos juntos pela Europa e contra os barões da finança e as elites corruptas que são responsáveis pela crise.

Desejo-vos as maiores felicidades para a vossa luta intensa, para a vossa vitória eleitoral e para a responsabilidade renovada no governo. E espero que daqui a três anos possam dizer à Europa: em Atenas há um governo que defende os desempregados, os jovens e os trabalhadores; em Atenas há um governo que defende todas as mulheres e homens que sofrem a crise e cuja dignidade é o valor da democracia; em Atenas, a democracia é a casa da Europa.

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