Num fax enviado à secção portuguesa da organização, o Governo Civil de Lisboa determina que a "contramanifestação" da Amnistia Internacional (AI) "seja realizada junto à Torre de Belém", entre as 14h00 e as 18h30, e não em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, conforme solicitado na passada quarta-feira.
Na mesma comunicação, o Governo Civil explica que já tinha autorizado a concentração da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa entre a frente do Mosteiro dos Jerónimos e o Palácio de Belém, das 13:30 às 18:30, daí a curiosa caracterização da concentração da AI como "contramanifestação".
Em declarações à Lusa, a coordenadora do Grupo da China na secção portuguesa da AI, Maria Teresa Nogueira, considerou "absolutamente incrível" a ordem do governo civil, reveladora, a seu ver, da "submissão do Governo português aos interesses chineses".
A responsável disse que a AI vai acatar a ordem, ainda que "a liberdade de reunião comece a ser fortemente cortada".
Francisco Louçã: "Seria muito hipócrita estarmos a aplaudir" a visita de Hu Jintao
Francisco Louçã explicou esta sexta-feira, em declarações à Lusa, que o Bloco de Esquerda não irá acompanhar a visita do presidente da China a Portugal porque tal "seria muito hipócrita".
"Somos muito críticos em relação ao regime chinês. Seria muito hipócrita estarmos a aplaudir ou a participar em banquetes com o representante de um regime político que despreza o direito de greve, o direito de opinião e de liberdade de imprensa", justificou o deputado do Bloco.
"A nossa posição tem a ver com uma avaliação muito crítica que fazemos do Estado em causa, uma ditadura que tem créditos firmados na violação de Direitos Humanos, de direitos individuais e sindicais", afirmou o presidente do grupo parlamentar do Bloco, José Manuel Pureza.
Pureza não deixa de defender "que o Estado português tenha relações diplomáticas com a China e que haja momentos de discussão formal dessas relações". Mas o Bloco não estará presente na recepção ao Presidente da China, no sábado, no Parlamento, porque o regime chinês é "uma ditadura com créditos firmados na violação dos Direitos Humanos", explicou ainda José Manuel Pureza.
Presidente chinês inicia visita a Lisboa
O presidente chinês inicia, este sábado, uma visita de dois dias a Lisboa, sendo que um dos assuntos em cima da mesa será a possibilidade de compra da dívida soberana portuguesa pela China. Serão ainda assinados diversos acordos económicos, que deverão incluir a compra de produtos portugueses, como azeite e vinho, para além do reforço da cooperação no sector do turismo.
Considerado o homem mais poderoso do mundo pela revista norte-americana Forbes, Hu Jintao deverá encontrar-se com Cavaco Silva, José Sócrates e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, entre outras personalidades.
Para além da dívida, Hu Jintao, que vem de uma visita oficial de três dias a França, surge acompanhado de uma comitiva que inclui diversos membros do governo chinês e meia centena de empresários do seu país.