Governo Civil proíbe manifestação da Amnistia em frente aos Jerónimos

06 de novembro 2010 - 14:24

A concentração pelos Direitos Humanos na China, promovida pela Amnistia Internacional, mantém-se marcada para este sábado, às 14h, mas passou para a Torre de Belém. Bloco não vai à recepção ao Presidente chinês no Parlamento.

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O Presidente Chinês Hu Jintao e a sua esposa Liu Yongqing acenam antes de entrar no avião que partiu do aeroporto de Nice, França, com destino a Lisboa. Foto Philippe Wojazer/LUSA/EPA.

Num fax enviado à secção portuguesa da organização, o Governo Civil de Lisboa determina que a "contramanifestação" da Amnistia Internacional (AI) "seja realizada junto à Torre de Belém", entre as 14h00 e as 18h30, e não em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, conforme solicitado na passada quarta-feira.

Na mesma comunicação, o Governo Civil explica que já tinha autorizado a concentração da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa entre a frente do Mosteiro dos Jerónimos e o Palácio de Belém, das 13:30 às 18:30, daí a curiosa caracterização da concentração da AI como "contramanifestação".

Em declarações à Lusa, a coordenadora do Grupo da China na secção portuguesa da AI, Maria Teresa Nogueira, considerou "absolutamente incrível" a ordem do governo civil, reveladora, a seu ver, da "submissão do Governo português aos interesses chineses".

A responsável disse que a AI vai acatar a ordem, ainda que "a liberdade de reunião comece a ser fortemente cortada".

Francisco Louçã: "Seria muito hipócrita estarmos a aplaudir" a visita de Hu Jintao

Francisco Louçã explicou esta sexta-feira, em declarações à Lusa, que o Bloco de Esquerda não irá acompanhar a visita do presidente da China a Portugal porque tal "seria muito hipócrita".

"Somos muito críticos em relação ao regime chinês. Seria muito hipócrita estarmos a aplaudir ou a participar em banquetes com o representante de um regime político que despreza o direito de greve, o direito de opinião e de liberdade de imprensa", justificou o deputado do Bloco.

"A nossa posição tem a ver com uma avaliação muito crítica que fazemos do Estado em causa, uma ditadura que tem créditos firmados na violação de Direitos Humanos, de direitos individuais e sindicais", afirmou o presidente do grupo parlamentar do Bloco, José Manuel Pureza.

Pureza não deixa de defender "que o Estado português tenha relações diplomáticas com a China e que haja momentos de discussão formal dessas relações". Mas o Bloco não estará presente na recepção ao Presidente da China, no sábado, no Parlamento, porque o regime chinês é "uma ditadura com créditos firmados na violação dos Direitos Humanos", explicou ainda José Manuel Pureza.

Presidente chinês inicia visita a Lisboa

O presidente chinês inicia, este sábado, uma visita de dois dias a Lisboa, sendo que um dos assuntos em cima da mesa será a possibilidade de compra da dívida soberana portuguesa pela China. Serão ainda assinados diversos acordos económicos, que deverão incluir a compra de produtos portugueses, como azeite e vinho, para além do reforço da cooperação no sector do turismo.

Considerado o homem mais poderoso do mundo pela revista norte-americana Forbes, Hu Jintao deverá encontrar-se com Cavaco Silva, José Sócrates e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, entre outras personalidades.

Para além da dívida, Hu Jintao, que vem de uma visita oficial de três dias a França, surge acompanhado de uma comitiva que inclui diversos membros do governo chinês e meia centena de empresários do seu país.