Está aqui

General angolano é acusado de tráfico internacional de mulheres

A justiça brasileira decretou a prisão do general angolano Bento dos Santos “Kangamba”, casado com uma sobrinha de José Eduardo Santos, no âmbito de uma operação contra um esquema internacional de prostituição. Artigo atualizado às 13h10 de 27.10.2013.

A Polícia Federal brasileira acusa Bento dos Santos “Kangamba” de chefiar um esquema internacional de tráfico de mulheres do Brasil para África do Sul, Portugal, Angola e Áustria, avança o Estadão - portal de notícias de O Estado de S. Paulo, num artigo publicado esta sexta feira.

Caso o general angolano desembarque no Brasil será imediatamente detido e o seu nome já foi incluído na lista de procurados da Interpol.

Segundo puderam apurar as autoridades brasileiras durante a investigação, que já se prolonga há um ano, a organização chefiada pelo "tio Bento" ou "tio Chico", como é conhecido pelos membros da quadrilha, movimentou perto de 33 milhões de euros com o tráfico internacional de mulheres desde 2007.

Segundo avança o Estadão, o grupo angariava mulheres em casas noturnas de São Paulo, no bairro de Indianópolis, às quais eram prometidos cerca de 7 mil euros para “se prostituírem pelo período de uma semana para clientes de elevado poder económico”. Entre as mulheres usadas neste esquema de prostituição encontram-se igualmente modelos de capas de revistas masculinas, que receberam até 72 mil euros para se envolverem sexualmente com o general angolano.

Parte das vítimas poderá ter sido, inclusive, encarcerada e obrigada a manter relações sexuais desprotegidas.

Durante a Operação Garina, levada a cabo na quinta feira, foram apreendidos 11 carros de luxo, 23 passaportes, 9 cópias de passaportes, 14 pedidos de visto para Angola, moeda estrangeira e drogas, e foram emitidas 5 ordens de prisão. Entre os mandatos de detenção constam, além de “Kangamba”,  os nomes de Wellington Edward Santos de Souza, que liderava o núcleo da organização criminosa internacional no Brasil, e do responsável máximo da produtora de espectáculos LS-Republicano de Angola, Fernando Vasco Inácio Republicano.

Segundo pôde apurar a justiça brasileira, foi constatada a utilização dos nomes do grupo musical Desejos e das empresas Showtour e LS Republicano, a primeira sediada no Brasil e a segunda em Angola, “para facilitar a obtenção de vistos para as mulheres enviadas ao exterior, bem como para ludibriar as autoridades brasileiras e estrangeiras em relação às práticas criminosas relacionadas ao tráfico internacional de pessoas”.

Bento dos Santos “Kangamba”, que recentemente adquiriu uma casa no luxuoso condomínio La Finca, nos arredores de Madrid, onde também reside Cristiano Ronaldo, e uma penthouse em Portugal, na urbanização Jardins do Cristo-Rei, em Moscavide, a par de uma vivenda de luxo no principado de Mónaco, é secretário do comité provincial de Luanda do MPLA para organização e mobilização periférica e rural de Luanda.

O general angolano, casado com uma filha de Avelino dos Santos, irmão mais velho do presidente José Eduardo dos Santos, é ainda presidente do grupo Kabuscorp, um complexo industrial com sede em Angola, e é o maior patrocinador do Vitória Sport Clube, da primeira divisão de Portugal, e presidente do Kabuscorp Futebol Clube de Angola. “Duas atividades usadas na lavagem de dinheiro do crime organizado”, frisa o Estadão.

Em julho, escapou à prisão, no principado de Mónaco, por ser portador de um passaporte diplomático. As autoridades francesas pretendiam interrogar e deter o general por branqueamento de capitais, crime organizado e associação criminosa.

Bento dos Santos “Kangamba” soma ainda condenações por conduta indecorosa, burla por defraudação e crimes de falsificação de documentos

Desde outubro de 2012, altura em que a sua esposa, sobrinha de José Eduardo dos Santos, foi nomeada para o cargo de diretora adjunta do gabinete do Presidente da República, “Kangamba” passou a dispor de um gabinete na Casa de Segurança do presidente angolano.

Termos relacionados Internacional
(...)