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Estudantes do básico e secundário manifestam-se em defesa da Escola Pública

Na convocatória do protesto que teve lugar esta quinta feira, subscrita por mais de 100 associações de estudantes um pouco por todo o país, é denunciado o "ataque à educação e ao ensino público". Na Escola Secundária de Santa Maria da Feira alguns alunos foram impedidos de aderir ao protesto pela PSP e pela direção deste estabelecimento de ensino.
Protesto em Braga. Foto retirada da página de facebook da iniciativa "Basta. na rua pela Escola Pública".

Esta manhã, estudantes de mais de uma centena de escolas dos distritos do Porto, Lisboa, Santarém, Bragança, Viana do Castelo, Setúbal, Leiria, Coimbra, Castelo Branco, Aveiro, Braga, Vila Real, Beja, Faro e Portalegre participaram num protesto em defesa da Escola Pública e contra a política de austeridade do governo.

Em Coimbra, o protesto abrangeu alunos das escolas secundárias Jaime Cortesão, Avelar Brotero e Dom Duarte que reivindicaram "melhores condições materiais e humanas" e criticaram os "cortes na educação". Os estudantes da Escola Secundária Jaime Cortesão ergueram uma faixa a exigir um pavilhão gimnodesportivo.

Na Secundária de Vale de Cambra, distrito de Aveiro, cerca de 250 alunos cumpriram esta quinta feira uma greve às aulas, em protesto contra a falta de condições do estabelecimento de ensino e a paragem, de mais de nove meses, nas respetivas obras, da responsabilidade da Parque Escolar.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Estudantes da Secundária de Vale de Cambra, David Quadé, apontou que "a escola é nova e não se percebe como é que pode ter tão más condições, com chuva a cair dentro das salas, humidade, os alunos a passarem frio porque o ar condicionado não funciona, e com amianto no telhado do pavilhão".

Nesta escola “as turmas têm excesso de alunos por sala e também não há funcionários que chegue", avançou David Quadé, referindo que "para um bloco com seis pisos só há quatro funcionários, o que já dá para ver como as coisas estão impossíveis".

PSP e direção da escola intimidaram alunos para estes não aderirem ao protesto

Já na Escola Secundária de Santa Maria da Feira, vários alunos que se queriam juntar ao protesto foram impedidos de fazê-lo pela direção do estabelecimento de ensino e pela PSP, que entretanto foi chamada ao local.

Segundo explicou ao esquerda.net o presidente da Associação de Estudantes, Pedro Alves, pelas 10h, cerca de 150 alunos que se encontravam dentro do estabelecimento de ensino queriam juntar-se aos restantes colegas - perto de 250 estudantes - que participavam no protesto à porta da escola.

Os mesmos foram, contudo, impedidos de fazê-lo pelo porteiro, que seguiu as orientações da diretora da escola, e pela própria PSP, que formou um cordão e pediu aos estudantes que queriam juntar-se à iniciativa para recuarem.

Pedro Alves explicou também os motivos que levaram a associação por si presidida a aderir ao protesto: "Estamos a lutar pelo nosso futuro", avançou, frisando que querem uma “Escola Pública mais justa, mais democrática, com qualidade” e sem as políticas austeritárias impostas pelo governo PSD/CDS-PP.

Alunos suspensos na Secundária Santa Maria, em Sintra

O vice-presidente da Associação de Estudantes (AE) da Secundária Santa Maria, em Sintra, afirmou, em declarações à agência Lusa, que "certos estudantes, que vivem longe da escola, têm de pagar entre 70 a 80 euros pelo passe escolar”. “Alguns destes alunos tinham apoio social escolar e, por isso, só pagavam metade desse valor, mas agora têm de o pagar na totalidade", referiu Miguel Mestre.

“Aqui no Santa Maria, há alunos do secundário que têm de ir ter aulas para uma escola básica porque não há espaço físico na escola para albergar os 2700 alunos”, denunciou ainda o dirigente associativo.

Miguel Mestre e mais dois elementos da associação de estudantes serão suspensos em abril por terem começado a pintar um mural que pretendia mobilizar para o protesto nacional numa das paredes do estabelecimento de ensino.

“Nós estávamos a pintar um mural que iria ter uma referência à Constituição, quando apareceu a polícia. Fomos todos identificados por um possível crime de dano contra o património e agora ficámos a saber que vamos ser suspensos em abril”, afirmou o dirigente associativo.

Segundo a AE, sempre que tentam avançar com “qualquer tipo de ação reivindicativa” são “ameaçados de suspensão ou outras medidas punitivas”.

“A defesa da Escola Pública faz-se agora”

“Está na hora de dizer BASTA! a estas políticas de direita e ao ataque feito à nossa educação”, avançam os promotores da manifestação nacional desta quinta feira, frisando que “a defesa da Escola Pública faz-se agora”.

Os estudantes denunciam o “enorme ataque à educação e ao ensino público”, alertando para o facto de os cortes na educação provocarem a “falta de condições nas escolas, falta de financiamento para necessidades básicas e redução de apoios aos estudantes”.

“São 500 milhões de euros cortados em 2014, menos 1,4 milhão de euros por dia, a adicionar aos já mais de 2000 milhões cortados nos últimos 4 anos. Ao mesmo tempo o governo depositou no BANIF 3 milhões de euros por dia no ano 2013. O governo continua a dar dinheiro aos bancos enquanto os estudantes enfrentam condições miseráveis”, criticam.

As mais de 100 associações de estudantes que subscreveram a convocatória apelam “a que se transformem as comemorações do Dia Nacional do Estudante, 24 de março, em luta”.

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