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Escolas: “Faltam preencher 1.991 horários”, dizem diretores

O vice-presidente da Associação nacional de diretores de agrupamentos e escolas refere ainda que faltam colocar mil professores. FNE acusa ministério de Crato de “instabilidade nas escolas”. Professores da Madeira alertam que o início do ano letivo fica marcado por “grande instabilidade”.
“Faltam preencher 1.991 horários, são mil professores” diz o vice-presidente da Andaep – Foto de Paulete Matos

“Faltam preencher 1.991 horários, são mil professores, o que preocupa os diretores, esperamos que esta semana haja colocações”, declarou à agência Lusa o vice-presidente da Associação nacional de diretores de agrupamentos e escolas (Andaep), Filinto Lima, nesta segunda-feira.

Filinto Lima diz que “as escolas públicas têm um plano de substituição e enquanto os professores não são colocados, os alunos ficam com o professor das aulas de substituição”. Refere ainda que “fala-se cada vez mais em atividades de substituição do que em aulas de substituição” e sublinha que o ideal é ter os professores colocados para que os alunos possam iniciar as matérias.

A Confederação nacional independente de pais e encarregados de educação (Cnipe), também está preocupada com as condições do início do ano letivo.

Isabel Gregório da Cnipe disse à Lusa: “Muitas escolas estão a abrir hoje e nas reuniões da semana passada os diretores avisaram os pais que esta iria ser uma semana com alguma instabilidade porque ainda falta colocar muitos professores”.

Isabel Gregório refere ainda que não está a ser tida em conta “a redução do número de alunos nas turmas com Necessidades Educativas Especiais” e que, nalguns casos, faltam professores para assegurar aulas de substituição porque estão todos ocupados.

“O ministro diz que está tudo normal, mas não é bem assim. Os alunos vão para a escola, podem estar dentro do perímetro escolar, mas não têm aulas em pleno”, salienta Isabel Gregório, que sublinha: “Estamos a descontar cada vez mais e a perder qualidade no serviço público”.

A Federação Nacional de Educação (FNE), pelo seu lado, acusa o ministério de Crato de instabilidade no arranque do ano letivo nas escolas.

“Nós criticamos fortemente as condições que foram dadas às direções das escolas para prepararem o ano letivo. As orientações foram dadas à última da hora: um dia eram num sentido e no dia a seguir eram noutro. Houve falta de planificação adequada e atempada para que as direções pudessem preparar, com estabilidade, o novo ano letivo”, declarou à Lusa João Dias da Silva, presidente da FNE.

João Dias da Silva critica, nomeadamente, a falta de "garantia de que todos os alunos tivessem professores desde o primeiro momento em que o ano letivo começa”. O presidente da FNE diz ainda que há medidas “preocupantes”, como a realização da prova a Inglês para os alunos do 9º ano ou a liberdade de escolha entre o ensino público ou privado.

Dias da Silva frisa também que este ano haverá estudantes a ter aulas em contentores, que há “insuficiência de psicólogos" e que não existem equipas multidisciplinares para ajudar os alunos a ter sucesso escolar e prevenir a indisciplina.

Por sua vez, o sindicato dos professores da Madeira considera que nesta região autónoma o início do ano letivo fica marcado por “grande instabilidade”. Na região autónoma da Madeira a abertura do ano letivo decorre entre terça e quinta-feira.

Sofia Canha, presidente deste sindicato, declarou em conferência de imprensa: “A abertura deste ano letivo fica marcada por uma grande instabilidade nas escolas e na vida de muitos professores, decorrente do processo de colocações tardio e moroso”. Sofia Canha sublinha que, a um dia de se iniciar o ano escolar na região, “há dezenas de professores que ainda não conhecem a escola onde vão lecionar, outros desconhecem o seu horário”.

A presidente do sindicato dos professores da Madeira afirma ainda: “Este ano fica, também, marcado pela redução dos docentes contratados. Em dois anos o número de renovações de contrato diminuiu em 20%, atinge cerca de 400 professores, apesar de o sistema ter perdido largas dezenas de docentes por conta da aposentação”.

Sofia Canha anuncia que o seu sindicato se associa, no dia 25, a uma iniciativa de âmbito nacional, denominada “Imoral”, para “chamar a atenção para a situação incoerente de mandar os profissionais para o desemprego quando a escola poderia beneficiar dos seus serviços qualificados”, e que no dia 5 de outubro vai assinalar o Dia Mundial do Professor, em defesa da dignidade dos educadores e docentes e de uma escola pública de qualidade para todos.

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