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“É rompendo com toda a austeridade que se promove um caminho para o crescimento”

Durante o comício no Largo de São Domingos, em Lisboa, Marisa Matias defendeu que “é rompendo com toda a austeridade, quer a que é imposta pelo Governo quer com a austeridade 'fofinha' do PS, que se promove um caminho para o crescimento”. A candidata bloquista frisou ainda que o dia 17 de maio ficará marcado na história como o dia mundial da luta contra a homofobia e transfobia e não como o dia da saída limpa, já que, a partir de amanhã, continuaremos exatamente como hoje.
Foto de Paulete Matos.

“Hoje é o dia 17 de maio, o dia que querem fazer marcar na história como o dia da saída limpa, da saída da troika de Portugal”, avançou a dirigente bloquista, sublinhando que este dia não será, contudo, lembrado assim, já que, a partir de amanhã, continuaremos exatamente como hoje.

“Mas 17 de maio é dia de outras coisas, e essas sim, ficarão marcadas na nossa história: 17 de maio é o dia mundial da luta contra a homofobia e transfobia”, sublinhou Marisa Matias durante o comício que teve lugar no largo de São Domingos, em Lisboa, e que contou com a música de JP Simões.

“Este projeto europeu, que tem tido uma mão tão forte para os mais fracos e tão leve para os mais fortes, é um projeto europeu que não teve apenas uma viragem neoliberal, que não fez apenas uma transferência gigantesca dos rendimentos do trabalho para o capital financeiro, é um projeto europeu que se tem transformado, a cada dia que passa, cada vez mais conservador”, lamentou a cabeça de lista do Bloco às eleições europeias.

Referindo-se à tão propalada “saída limpa”, Marisa Matias afirmou que esta se traduz na privatização de setores estratégicos e rentáveis, como os CTT, os aeroportos, a EDP e agora a TAP, “por parte de um pequeno grupo muito próximo do Governo”.

Marisa Matias falou ainda de outras saídas limpas: “José Luís Arnaut, que foi vice presidente do PSD e que foi o intermediário em todas as privatizações referidas, teve uma limpíssima saída para a Goldman Sachs. Vítor Gaspar, o ministro da austeridade, e que saiu do Governo às custas do falhanço da austeridade, não foi castigado, tendo, isso sim, uma saída limpíssima para o FMI. Catroga, o mesmo que negociou o memorando em nome do PSD, teve uma saída limpa para a EDP, onde foi ganhar muitos milhões”.

Pequena agenda é a do Governo, porque só responde a uma pequena parte da sociedade

A candidata do Bloco lembrou ainda que, nas conclusões do Conselho de Ministros extraordinário, Pedro Passos Coelho falou “da pequena agenda da oposição”. “Pois eu digo ao primeiro ministro que pequena agenda é a do Governo, porque só responde a uma pequena parte da sociedade. Pequena agenda é a do Partido Popular Europeu, onde está o PSD e o CDS, porque é pequeno o orçamento e é feito à medida dos interesses das grandes empresas que são pequenas em número mas são grandes a maltratar-nos e a destruir as nossas vidas”, frisou Marisa Matias, defendendo que “a agenda grande é a agenda que coloca o Estado Social, a democracia e os direitos no centro da política”.

Assinalando que “as saídas do Governo no caminho para o crescimento não têm sido muito famosas”, a cabeça de lista às eleições europeias garantiu que “é rompendo com toda a austeridade, quer a que é imposta pelo Governo quer com a austeridade 'fofinha' que aparece nos cartazes do PS, que se promove um caminho para o crescimento”.

Segundo Marisa Matias, “a alternativa passa por recusar o Tratado Orçamental e reestruturar a dívida e nós não estamos sozinhos nessa alternativa, ela junta muitas forças de esquerda à escala europeia e que têm um candidato comum: Alexis Tsipras”.

“O futuro é de esperança se nos levantarmos e se conseguirmos De Pé dizer que o nosso país é para quem aqui vive e quem aqui quer continuar a viver”, rematou.

“Queremos uma Europa aberta ao mundo que a rodeia e às pessoas que a habitam”

João Lavinha, que ocupa a segunda posição na lista de candidatos e candidatas do Bloco ao Parlamento Europeu, apontou que “o Estado Social, que produziu as transformações progressistas mais extraordinárias da democracia portuguesa, está a sofrer um ataque em todas as frentes pelo Governo, a mando da troika e em proveito do poder capitalista doméstico”.

“A fragilização do Serviço Nacional da Saúde, da Escola Pública e da Segurança Social já está a provocar um retrocesso que se pensava impensável”, lamentou o candidato.

João Lavinha afirmou ainda que “esta União Europeia tem muros à volta e muros dentro de si que negam a matriz intercultural e intercivilizacional que lhe deu força”. “A fantasia de uma Europa fortaleza mata milhares de seres humanos todos os anos”, alertou, frisando que “queremos uma Europa aberta ao mundo que a rodeia e às pessoas que a habitam”.

“A União Europeia não é uma união democrática. Muitos dos poderes europeus escapam ao escrutínio das instituições democráticas, nomeadamente ao controlo dos parlamentos nacionais e do Parlamento Europeu”, avançou ainda João Lavinha.

A austeridade é incompatível com a democracia, quer nos seus fins, quer nos meios que são necessários para a impor

Segundo o candidato ao Parlamento Europeu, “a austeridade é incompatível com a democracia, quer nos seus fins, quer nos meios que são necessários para a impor”. “Defendemos a extinção das troikas e a responsabilização de todas as instituições europeias incluindo o BCE, perante o Parlamento Europeu. Queremos o respeito pelo quadro constitucional português”, destacou.

“A crise veio agravar a crise em que já viviam” as pessoas com deficiência

Foi-me dada a oportunidade de falar daqueles que não têm voz

O candidato e ativista do movimento (d)Eficientes Indignados, Jorge Falcato, explicou que, ao ser convidado para integrar a lista do Bloco de Esquerda, foi-lhe dada "a oportunidade de falar daqueles que não têm voz, de recordar aqueles que muitas vezes são chamados de cidadãos invisíveis porque estão fechados em casa”.

Jorge Falcato lembrou que as pessoas com deficiência enfrentam inúmeras dificuldades: são confrontadas com inúmeras barreiras nas cidades, a institucionalização forçada, mediante a inexistência de outras alternativas, registam o triplo do desemprego da população em geral, e auferem pensões de miséria. "Mas para o secretário de Estado da Segurança Social responsável por estas pensões há 750 euros de subsídio para pagar a renda", denunciou.

“É a estas pessoas que dizem que viveram acima das suas possibilidades. São pessoas às quais a crise veio agravar a crise em que já viviam”, lamentou o ativista.

Jorge Falcato recordou que Marisa Matias apresentou, há uns meses atrás, uma proposta em conjunto com outros deputados europeus "no sentido de se discutir no Parlamento Europeu a vida independente para as pessoas com deficiência", o direito a ter um subsídio que cubra na totalidade a assistência pessoal, que, em Portugal, "é paga a 88 euros por mês”. “Para esta iniciativa passar, eram necessárias as assinaturas dos deputados europeus”, esclareceu o candidato, lembrando que a mesma não obteve a assinatura de Francisco Assis, Nuno Melo e Paulo Rangel, entre outros.

“No chamado arco da governação ninguém quer verdadeiramente que algo aconteça”

A dirigente bloquista Ana Drago lembrou que, há cinco anos atrás no mesmo local em que se realizou este comício, Miguel Portas anunciava que se aproximavam “tempo difíceis” e que, desde então, várias conquistas que se julgavam já consolidadas foram destruídas.

Segundo Ana Drago, numa campanha em que “se vê tanta dificuldade, tanta falta de esperança, tanta perspetiva de ausência de futuro, tanta vontade de fugir e de começar noutro outro sítio qualquer” é estranho verificar que os candidatos estão sempre tão sorridentes. A dirigente bloquista referiu-se, nomeadamente, ao sorriso complacente de Paulo Rangel, que cumpriu o seu dever ao obedecer à troika, e ao sorriso de Paulo Portas, que se apresenta “ao lado do relógio que marca zeros e é zero o futuro que ele propõe para o país”.

Ana Drago falou também da campanha do PS e da estratégia de mudança de Francisco Assis: que se mantenha a mesma política de austeridade mas com um novo Governo que tem como primeiro ministro António José Seguro e uma aliança entre PS e PSD.

“No chamado arco da governação ninguém quer verdadeiramente que algo aconteça, o país continuará, depois da saída da troika, com a mesma lógica de compressão de quem trabalha”, frisou.

O futuro de Portugal está preso nas malhas da Europa

Segundo a dirigente do Bloco de Esquerda, “o futuro de Portugal está preso nas malhas da Europa”. “Nós partilhamos o nosso futuro com todos os gregos que foram roubados pela troika, com os 50% de desempregados jovens em Espanha, com os funcionários públicos franceses, com todos aqueles que sabem que a Europa é democracia, é escolha, é justiça social”, avançou Ana Drago.

“O Conselho de ministros não teve nada de extraordinário, foi uma ordinária sessão do Governo”

Segundo o coordenador nacional do Bloco, o Conselho de Ministros agendado para este sábado “não teve nada de extraordinário, foi uma ordinária sessão de um Governo que substitui os partidos de direita na campanha eleitoral”.

“Hoje ficámos com a certeza absoluta que enquanto Pedro Passos Coelho e Paulo Portas continuarem a governar a política da troika vai continuar. E se nos queremos livrar dessa política temos de nos livrar do Governo de Passos Coelho e Paulo Portas”, alertou João Semedo.

A palavra mudança tem um significado concreto: recusar o Tratado Orçamental e renegociar a dívida

Para o dirigente bloquista, “a palavra mudança tem um significado concreto: recusar o Tratado Orçamental e renegociar a dívida”. “A mudança anunciada por António José Seguro é um engano e o voto em Francisco Assis, o voto neste PS, é um desperdício. Porque engano e desperdício são continuar agarrados ao Tratado Orçamental ao mesmo tempo que se diz que não se quer austeridade", vincou.

Durante a sua intervenção, João Semedo teceu algumas palavras de agradecimento àqueles que, não sendo do Bloco, apoiam a candidatura, e aceitaram o desafio de "ajudar a levantar o país e a pôr os portugueses De Pé contra a austeridade", como Pilar del Rio, Fernando Tordo, Carlos Mendes e Alfredo Correia, entre tantos outros.

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