Está aqui

Direcção da Lusa demite editora por recusar notícia sobre Sócrates

Um assessor de Sócrates transmitiu a uma jornalista uma frase, atribuindo-a ao primeiro-ministro. A editora recusou a edição e o director da agência demitiu-a invocando quebra de confiança. Conselho de Redacção da agência condena a demissão e apresenta queixa à ERC.
Edifício da Agência Lusa - Foto de Inácio Rosa/Lusa

“Não é rigoroso e exacto e contraria regras básicas do jornalismo citar alegadas declarações de uma pessoa com base em afirmações que outra lhe atribuiu”, considera o Conselho de Redacção (CR) da Lusa, que apresentou queixa à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e ao Conselho Deontológico dos Jornalistas.

No passado dia 18 de Fevereiro, Soares dos Santos afirmou, na apresentação das contas do grupo Jerónimo Martins em 2010: “Os truques é o Sócrates [que faz] não sou eu. Não vale a pena continuar a mentir. Não vale a pena pedir sacrifícios sem dizer a verdade. Não adianta negar que estamos em recessão”.

À noite, a jornalista da delegação de Bragança da Lusa Helena Fidalgo foi contactada por João Morgado Fernandes, assessor do primeiro-ministro, para lhe transmitir que Sócrates respondia a Soares dos Santos com a frase: “Não basta ser rico para ser bem-educado”.

Helena Fidalgo contactou a editora da noite da agência, Sofia Branco, que recusou avançar com a notícia porque a frase não era notícia, não tinha sido dita pelo primeiro-ministro e não tinha confiança no assessor, que ditou a “frase” de Sócrates.

A notícia acabaria por ser publicada às 22.54h, escrita por Helena Fidalgo e editada pelo director-adjunto da Lusa, David Pontes.

O director da Lusa, Luís Miguel Viana, demitiu Sofia Branco de editora e justifica, ao jornal “I”, dizendo que a notícia tinha relevância e que houve quebra de confiança na editora, por se ter recusado a escrever “uma notícia da qual o director assume a responsabilidade”.

Em Ponto Media , António Granado considera este caso extraordinário, num post com o título: Demitida por se recusar a inventar uma notícia, sublinhando que Sofia Branco foi demitida “por se ter recusado a escrever, 24 horas antes de ser dita, uma frase do primeiro-ministro, que lhe estava a ser ditada ao telefone por um assessor de José Sócrates”.

Termos relacionados Sociedade
(...)