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Corte do rating é a resposta dos mercados à austeridade

O deputado bloquista João Semedo diz que o corte do rating de Portugal para "lixo", por parte da agência de notação Moody's, mostra bem como os “especuladores financeiros percebem que a economia de Portugal está cada vez mais frágil”.
Para o Bloco de Esquerda, o rating de "lixo" foi a resposta da Moody's aos cortes e recessão anunciados por Passos Coelho e Vítor Gaspar. Foto José Sena Goulão

A decisão da agência de notação de afundar em quatro níveis o rating foi explicada pela própria com o risco de Portugal necessitar de um novo pacote de empréstimos. Em declarações à Lusa, João Semedo diz que este corte "é a resposta dos mercados" às medidas de austeridade anunciadas por Passos Coelho no debate do programa de governo.

Em reacção ao anúncio da Moody's, João Semedo defendeu que “não são as políticas de austeridade nem de recessão económica – as políticas da troika, deste governo e do anterior governo – que acalmam e põem cobro à especulação financeira dos mercados e das agências de rating, bem pelo contrário”. E sublinhou ser “particularmente significativo de que a especulação financeira não termina com as políticas de austeridade” dando como exemplo o corte de 50% no subsídio de Natal, que considerou ser “um brutal agravamento da austeridade”.

“Ao contrário do que o anterior e este governo têm dito e prometido aos portugueses, o combate à especulação financeira, que degrada a situação económica e financeira dos países mais frágeis como Portugal, exige outro tipo de medidas, não programas de austeridade e recessão que enfraquecem as possibilidades da economia do País aos olhos dos especuladores e dos mercados financeiros”, concluiu o deputado do Bloco eleito pelo Porto.

Também José Manuel Pureza, subscritor de uma queixa-crime na Procuradoria Geral da República contra as agências de rating, reagiu ao anúncio na sua página no Facebook. "Sinto que fiz bem ao associar o meu nome à apreciação queixa judicial contra estas agências. E quando juntei a minha voz a tantos contra o caminho de crueldade económica imposto pela troika". Para o ex-líder parlamentar bloquista, este é "o caminho da Grécia, sem tirar nem pôr", com as agências de rating a pressionarem para um novo empréstimo e "medidas de austeridade ainda mais severas".

Outro dos subscritores da queixa foi o economista José Reis, que não ficou surpreendido com a notícia "porque este processo é ilógico, irracional e insustentável". Para o director da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, as agências de rating "são insaciáveis porque o que preconizam é pôr mais crise em cima da crise". "Espero que o Governo veja que não vale a pena apostar só na austeridade. Tomou uma medida tão violenta, como o imposto extraordinário, e a agência de rating marimbou-se nisso. Foi um balde de água fria para o Governo", acrescentou José Reis.

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