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Censos 2011 ocultam falsos recibos verdes

Movimentos de trabalhadores precários exigem substituição da pergunta 32 dos Censos 2011 e denunciam operação de manipulação estatística e apelo à mentira.
Além do protesto junto do Instituto Nacional de Estatística, os movimentos de precários vão fazer chegar queixas ao Provedor de Justiça.

Os movimentos de trabalhadores precários consideraram inadmissíveis as instruções constantes da pergunta nº 32 do Censos 2011: “Se trabalha a 'Recibos Verdes' mas tem um local de trabalho fixo dentro de uma empresa, subordinação hierárquica efectiva e um horário de trabalho definido deve assinalar a opção 'trabalhador por conta de outrem'”.

O censo pretende ser o retrato fiel da população portuguesa e do modo como esta vive e trabalha. Ora esta opção significa muito simplesmente um incentivo a ocultar a realidade dos falsos recibos verdes.

“Os movimentos de trabalhadores precários não aceitam a redacção escolhida para esta pergunta e a consequente tentativa de camuflar a realidade de vastos milhares de trabalhadores no País, a quem é retirado o direito a um contrato de trabalho”, explicam os movimentos, em nota à imprensa. “Os falsos recibos verdes correspondem a uma enorme fraude social, que se perpetua à custa do incumprimento da lei e dos direitos elementares de quem trabalha”.

Com as indicações dadas aos inquiridos para a resposta à pergunta nº 32, o Instituto Nacional de Estatística propõe que os prejudicados com a situação dos falsos recibos verdes mintam sobre a sua própria condição.

Assim, o FERVE, os Precários Inflexíveis, os Intermitentes do Espectáculo e do Audiovisual e os cidadãos Paula Gil, João Labrincha e Alexandre de Sousa Carvalho (organizadores da manifestação da “Geração à Rasca”) exigem a substituição da pergunta 32 dos censos 2011, no sentido de os números concretos dos falsos recibos verdes serem finalmente conhecidos em Portugal. “O Instituto Nacional de Estatística está a tempo de evitar uma operação de manipulação estatística e de emendar este apelo à mentira dirigido às vítimas dos falsos recibos verdes.”

Além do protesto junto do Instituto Nacional de Estatística, os movimentos de precários vão fazer chegar queixas ao Provedor de Justiça.

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