Casa do Douro: Greve contra salários em atraso

16 de setembro 2010 - 15:29

Os trabalhadores da Casa do Douro estão em greve desde segunda feira, até à próxima sexta. Têm em atraso sete meses de salários e subsídio de férias. Bloco exige intervenção urgente do Governo.

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Agricultores durienses em manifestação à porta da Casa do Douro durante a visita do ministro da Agricultura, António Serrano. Régua, 9 de Julho de 2010 – Foto de Catarina Lima/Lusa

Segundo refere o “Jornal de Notícias”, actualmente são 51 pessoas que trabalham como funcionários da Casa do Douro e que não recebem salários há sete meses, nem receberam subsídio de férias. No início eram 80, 13 foram obrigados a rescindir com justa causa e 16 a suspender o contrato e passar a receber o subsídio de desemprego. Desde 2008, que tiveram sempre, pelo menos, três meses de salários em atraso.

Um trabalhadora disse ao JN que a direcção da Casa do Douro “já pouco pode fazer”, porque está dependente do processo de negociações com o Governo, que “não ata nem desata”. "Querem-nos levar tudo para o IVDP [Instituto dos Vinhos do Douro e Porto] e deixar-nos sem nada e com dívidas", conclui.

Por isso, decidiram fazer greve de uma semana, de 13 a 17 de Setembro. A trabalhadora que falou ao jornal explica: "Há pessoas que não têm dinheiro para pagar os livros dos filhos. Este mês é muito complicado para todos!"

Juntamente com os funcionários da Casa do Douro trabalham 40 pessoas ao serviço do ministério da Agricultura e, como tal, com os salários em dia. Alguns destes também têm estado em greve por solidariedade.

O Bloco vai levantar a questão na próxima reunião da comissão parlamentar de agricultura, em que o respectivo ministro esteja presente, para que António Serrano preste esclarecimentos sobre o impasse “em relação ao futuro da Casa do Douro”.

O ministro da Agricultura tinha-se comprometido a apresentar uma proposta de solução para a Casa do Douro até Janeiro de 2010, não o fez, em Junho apresentou um conjunto de propostas mas “bloqueia qualquer financiamento para o saneamento daquela entidade e permite que dezenas de trabalhadores permaneçam na dramática situação de salários em atraso”.

Para o Bloco, o “governo está a estrangular a Casa do Douro, que tradicionalmente representa os milhares de pequenos e médios vitivinicultores do Douro”, retirou competências à Casa do Douro, “transferindo-as para o IVDP”, e promoveu a sua descapitalização.

Segundo o grupo parlamentar do Bloco, o Governo pretende agora “ desferir o golpe final sobre a instituição que representa mais de 40 mil agricultores durienses”, apresentou “uma proposta de saneamento financeiro inaceitável” e, face ao impasse “conduz à insustentável situação dos técnicos e funcionários da Casa do Douro”.