Borlas fiscais

Bloco quer auditoria a negócio da venda das barragens e ao não pagamento do IMI

10 de maio 2024 - 16:21

Mariana Mortágua anunciou requerimento para ouvir secretária de Estado dos Assuntos Fiscais e diretora da Autoridade Tributária no Parlamento, bem como diligências para que seja efetuada uma auditoria por parte do Tribunal de Contas e da Inspeção-Geral de Finanças.

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Mariana Mortágua.
Foto de António Cotrim/Lusa

No final de uma reunião com o Movimento Cultural da Terra de Miranda esta sexta-feira, Mariana Mortágua explicou o objetivo do Bloco: "Que duas entidades independentes, uma afeta ao Governo, outra não, possam debruçar-se sobre o mesmo assunto para termos a certeza de uma vez por todas sobre o que se passou, o que se passou em Portugal para a EDP ter feito um negócio de milhares de milhões de euros na venda de barragens, sem nunca ter pago os impostos até hoje dessas barragens, sem que a Autoridade Tributária tenha querido liquidar esses impostos, e para não estarem a pagar o IMI".

A líder bloquista afirmou ser "muito importante que se faça uma investigação, uma auditoria a todo o processo de não pagamento de impostos das barragens", referindo que isso só foi possível com a conivência do poder político.

Mariana Mortágua explicou que a Comissão do Orçamento e Finanças pode "requerer auditorias ao Tribunal de Contas por consenso entre os partidos", enquanto "a auditoria à IGF pode ser pedida de outras formas".

"Iremos avaliar a melhor forma em cada caso para requerer essas auditorias e para as levar à votação, sendo que pretendemos já, junto da Comissão de Orçamento e Finanças, tomar estas diligências para que as auditorias possam ser feitas o mais rapidamente possível", frisou.

A coordenadora do Bloco acrescentou que "nenhum partido quer ficar com o ónus de proteger a EDP, que é uma das maiores empresas do país, no não pagamento de impostos" e "contra os contribuintes e os municípios das terras de Miranda".

"Temos sistematicamente e ao longo do tempo trazido este assunto para que ele não morra. A EDP não pode vencer pelo cansaço, a EDP não pode vencer porque tem advogados mais bem pagos, a EDP não pode vencer porque manda nos governos em Portugal e no poder político", sustentou.

Mariana Mortágua defendeu que "é preciso confrontar a EDP com os impostos que não pagou e mostrar que em Portugal há um Estado de direito e que as regras fiscais se aplicam a todos, às grandes empresas e às pequenas empresas". E enfatizou que "Portugal está à espera que a EDP pague esses impostos".

"Há anos que denunciamos a forma estranha, para não dizer pior, como a Autoridade Tributária não foi cobrando o IMI, como foi encontrando formas para ter regras mais benéficas para a EDP, como foram sendo alteradas leis que beneficiaram a EDP, como foram sendo feitas avaliações, mesmo por parte da Agência Portuguesa do Ambiente que beneficiaram a EDP e por várias instituições do Estado que, podendo ter travado a venda, podendo ter exigido o pagamento dos impostos, não o fizeram, e da própria Autoridade Tributária, que já poderia estar a cobrar este IMI há muito tempo e não está", continuou.

"É tempo de o país apurar a verdade sobre o que se passou"

José Maria Pires, membro do Movimento Cultural da Terra de Miranda, disse que "é tempo de o país apurar a verdade sobre o que se passou relativamente a este negócio e é tempo de tirar as consequências, nomeadamente na cobrança dos impostos que são receita dos municípios".

O ativista informou que foi solicitada reunião ao Governo para abordar esta questão, não tendo sido ainda obtida qualquer resposta.