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Bloco desafia Governo a cortar nos juros que paga à troika para compensar subsídios
Francisco Louçã e Catarina Martins discursaram este domingo, em Monte Gordo, para centenas de pessoas e responderam ao desafio do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que no sábado pediu à oposição para apresentar alternativas a essa poupança, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional de declarar inconstitucional o corte nos subsídios de férias e Natal.
“O que incomoda é a injustiça, a desigualdade, é dizer a uma reformada, que descontou toda a vida para receber uma pensão de 500 euros, que vai pagar com impostos, com cortes nos subsídios, cortes na sua vida, para que haja um buraco ser cada vez maior”, disse Louçã, citado pela Lusa, referindo-se aos números da execução orçamental do primeiro trimestre, que apontam para um défice superior a sete por cento.
“Recuperar o que é nosso é a alternativa”
O coordenador da Comissão Política do Bloco apresentou depois o que disse serem “três alternativas consistentes, honestas, diretas e fundamentais para o país” para recuperar o impacto que a não aplicação dessa medida pode ter para o Orçamento do Estado.
“Cortem nos juros. Portugal não tem que pagar 34 mil milhões de euros de juros à ‘troika’, que não cobra juros à banca, mas cobra aos vossos salários”, propôs Francisco Louçã, questionando a plateia sobre “quantos salários, cortes, meses e pensões são precisos para que se juntem 34 mil milhões de euros a uns usurários que acham que Portugal lhes está a pagar uma renda”.
O dirigente bloquista considerou que o corte nos juros impostos pela “troika” do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia “é uma questão de dignidade” e apontou também como alternativa cortar nas Parcerias Público Privadas (PPP).
“Cortar nas PPP. Vamos nós pagar, até 2040, 60 mil milhões de euros. Quantas pensões é preciso cortar para pagar esse valor aos consórcios financeiros, quantos salários são precisos cortar?”, voltou a questionar, afirmando que “recuperar o que é nosso é a alternativa”.
Em terceiro lugar, o líder do Bloco apresentou como proposta ao desafio de Passos Coelho “um imposto especial sobre o património de luxo, àqueles que têm mais de um milhão de euros de propriedades, de ações de títulos”, património que disse não ser tributado em Portugal.
“Aqui tem justiça no combate, seriedade no combate, é assim que se muda o país”, afirmou o dirigente do Bloco de Esquerda.
“Estupidez” e “absurdos” pautam ação do Governo
Na sua intervenção em Monte Gordo, a deputada Catarina Martins apontou o “cinismo” do Governo que “faz tudo ao contrário do que prometeu” e refere o aumento dos impostos e o corte dos subsídios aos funcionários públicos e pensionistas. A deputada destacou a “estupidez” do aumento do IVA que só serviu “para termos uma menor receita fiscal e mais desemprego”.
Estando no Algarve, Catarina Martins classificou como “absurdo” a introdução de portagens em estradas que não têm alternativas, como a Via do Infante, levando o Estado a gastar mais dinheiro.
A deputada contrapôs ainda a austeridade dos cortes nos serviços públicos, o aumento do gás e da luz, o aumento do custo dos transportes, ao “corte que não houve nas rendas no setor da energia”. A austeridade tem um propósito, afirmou: “baixar os salários e empobrecimento”.
Comentários
É mais uma medida demagógica
É mais uma medida demagógica e irresponsável do bloco. As politicas de esquerda levaram o país à bancarrota, pusemo-nos de mão estendida e dependentes da ajuda externa. Faz algum sentido desafiar quem ainda nos dá crédito? Sem guito não há como pagar os salários dos funcionários públicos, os RSI´s, as pensões, os subsidios de desemprego, a saúde, a educação, as dividas das empresas publicas, o financiamento dos partidos, etc, etc. Precisamos mas é de trabalhar, poupar e pagar o que devemos. Tenham juizo...
O Ricardo é que podia usar
O Ricardo é que podia usar mais do juízo e menos da demagogia. Os empréstimos que o país está a pedir não são para RSI nem para salários. Servem para pagar os juros à troika, ou seja aos bancos que financiaram esse negócio que asfixia a nossa economia. Se a economia cai 2%, é impossível pagar juros de 6%. Sim, é preciso desafiar quem nos rouba os salários, as pensões, a Saúde, a Educação e as empresas públicas que dão lucro e controlam recursos estratégicos. Dizer o contrário é pactuar com a venda a retalho que está a ser promovida pelo governo, assessorada pelo Espírito Santo e pela mafia que pôs o António Borges e o Carlos Moedas a guardar o pote. O Ricardo que pague o que deve, mas quem trabalha não deve nada ao sistema financeiro, bem pelo contrário, já pagou todas as ajudas públicas de que têm beneficiado desde que rebentaram à custa da sua ganãncia.
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