O coordenador bloquista fez a simulação dum caso para se perceber os efeitos da privatização da Segurança Social que Passos Coelho defendeu em entrevista publicada este domingo no Correio da Manhã, com o plafonamento e a entrega dos descontos aos fundos que jogam na bolsa com esse dinheiro. O exemplo dado, se o modelo já estivesse em vigor, é o de alguém que descontou 300 euros por mês durante 40 anos, o que daria 1200 euros de pensão por mês em 2000. "Se esses descontos estivessem garantidos por ações do BCP, essa pessoa iria ganhar hoje 20 euros por mês", perdendo a quase totalidade dos descontos feitos ao longo de uma vida de trabalho.
"Só um sistema público garante a sustentabilidade e a consistência do sistema de pensões e se há coisa que devia estar na Constituição é a garantia que o dinheiro dos descontos é devolvido aos trabalhadores para a sua reforma", defendeu Louçã numa conferência de imprensa em que voltou a mostrar aos jornalistas alguns quadros da proposta que o Bloco apresentou em julho de 2006 para mostrar os efeitos da reforma da Segurança Social do Governo de José Sócrates. "O seu a seu dono. Foi o anterior Governo que começou o caminho da redução das pensões no futuro", com a introdução do fator de sustentabilidade e o aumento da idade da reforma, lembrou o deputado do Bloco.
No quadro-resumo apresentado aos jornalistas, o Bloco previa em 2006 que em 40 anos haveria uma diminuição de cerca de 40% no valor das pensões, com Louçã a recordar que "hoje o primeiro-ministro já vem dizer que a redução será de 50%". Por isso, o Bloco de Esquerda defende que há razões de sobra para que o país esteja "em alerta máximo" contra quem quer reduzir a metade as pensões futuras, ainda por cima numa altura em que "a recessão aumenta as dificuldades da Segurança Social", com menos pessoas a descontar, por causa do desemprego e também da emigração que Passos Coelho voltou a promover na mesma entrevista ao Correio da Manhã, desta vez dirigindo-se aos professores desempregados.
O Bloco insiste nas suas propostas para garantir a sustentabilidade e a universalidade da Segurança Social Pública, para evitar um sistema em que os pobres recebam pensões públicas de miséria e os ricos sejam protegidos pelo sistema privado. Na base desta proposta está a ideia de que todos os rendimentos contribuam para a Segurança Social, com a introdução duma taxa de 3% sobre o Valor Acescentado das empresas e também a progressividade com escalões nos descontos, com os maiores salários a pagarem um contributo de solidariedade entre 1% a 5%.
Bloco defende "alerta máximo" contra redução das pensões
19 de dezembro 2011 - 17:24
Francisco Louçã reagiu à intenção de Passos Coelho de privatizar a Segurança Social. E deu o exemplo de quem descontou 300 euros durante 40 anos para um fundo garantido com ações do maior banco privado português: em vez dos 1200 euros prometidos, estaria hoje na miséria com uma pensão de 20 euros mensais.
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Foto Paulete Matos.