Bebés intersexo vítimas de intervenções médicas traumatizantes

10 de maio 2017 - 0:02

Amnistia Internacional alerta para o facto dos bebés intersexo serem submetidos a intervenções médicas desnecessárias e traumatizantes que violam os seus direitos humanos.

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Para a Amnistia Internacional os direitos humanos não estão a ser protegidos com estas práticas. Foto R7/Reprodução
Para a Amnistia Internacional os direitos humanos não estão a ser protegidos com estas práticas. Foto R7/Reprodução

Laura Carter, investigadora e especialista da Amnistia Internacional (AI) sobre orientação sexual e igualdade de género disse à agência Lusa que “estas operações normalizadoras realizam-se sem conhecer plenamente os danos a longo prazo nos menores de idade”.

Para a organização de direitos humanos a questão essencial neste tipo de intervenções está relacionada com “incisões em tecidos sensíveis, com consequências para a vida inteira, baseadas unicamente em estereótipos sobre o aspeto que deve ter um menino ou uma menina”.

Laura Carter refere que "a questão é a quem beneficia esta prática", porquanto o relatório "mostra que para as pessoas a ela submetidas foi uma experiência trágica".

A AI considera que os direitos humanos não estão a ser protegidos com estas práticas e lembra que peritos das Nações Unidas também "condenaram expressamente" este tipo de intervenções.

Operações sem justificação médica

Segundo a organização, na Dinamarca e na Alemanha, estas operações não urgentes são feitas a bebés e a crianças com menos de 10 anos, apesar de não existir investigação médica a justificá-las.

No relatório com o título "Em primeiro lugar, não prejudicar", apontam-se operações para ocultar o clítoris que podem causar lesões nervosas, cicatrizes e dor, cirurgias vaginais para criar ou alargar o orifício vaginal, cirurgias para ligar a uretra ao extremo do pénis.

Desta forma, a AI solicita “aos legisladores e aos profissionais de saúde de ambos os países” para garantirem que nenhum menor de idade será submetido a tratamentos “não urgentes, invasivos e irreversíveis”,e defende que “a pessoa possa de forma significativa participar na determinação do que fazem ao seu corpo”.

Segundo a organização, “em algumas ocasiões estas intervenções médicas são precisas para proteger a vida ou a saúde do menor de idade”, embora “nem sempre é assim”, de acordo com testemunhos de pessoas que relataram “o trauma físico e mental que sofreram” devido às intervenções.

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